As luzes de emergência que acenderam ontem com a apresentação dos resultados da Facebook continuam hoje a piscar no mercado, onde o preço dos títulos na bolsa de Nova Iorque está em forte queda.
Às 14:50, minutos depois da abertura das negociações o valor da ação recuava 19,1% para 176,78 dólares, a refletir números desapontantes na atividade da rede social no segundo trimestre. A descida – que chegou a superar os 20% – corresponde segundo a Bloomberg à perda de 124 mil milhões de dólares do seu valor em bolsa.
Ontem à noite, já depois do fecho da negociação, a empresa liderada por Mark Zuckerberg deu a conhecer os números das vendas e de utilizadores relativos ao segundo trimestre, que ficaram aquém do esperado pelo mercado. E as previsões para os próximos meses também não são as melhores, o que levou as ações no pós-mercado a tombarem até 24%.
As receitas cresceram 42% para 13,2 mil milhões de dólares (11,27 mil milhões de euros à cotação atual), quando o mercado aguardava 13,3 mil milhões de dólares. O administrador financeiro, David Wehner, antecipa que as taxas de crescimento da receita possam abrandar no terceiro e no quarto trimestres para valores que não chegam a dois dígitos devido a efeitos cambiais, aumento de investimento em novos conteúdos (incluindo conteúdos vídeo e uso de componentes de inteligência artificial, entre outros) e aumento do controlo da privacidade dos dados.
A empresa reportou ainda que tinha 1,47 mil milhões de utilizadores diários ativos no final de junho, um número que ficou abaixo dos 1,48 mil milhões esperados pelos analistas. Enquanto nos EUA e Canadá a base de utilizadores se manteve estável, na Europa o número de utilizadores diários desceu em cerca de três milhões, ou menos 1%.
No Velho Continente, além de enfrentar o escândalo Cambridge Analytica (acesso não autorizado a dados de milhões de utilizadores), a empresa sofreu o impacto da entrada em vigor do regulamento geral de proteção de dados (RGPD), pedindo aos seus utilizadores que revissem os dados pessoais que concordam em partilhar. Acesso a menos dados por parte da plataforma significa menos capacidade de dirigir publicidade a cada utilizador, o que penaliza a oferta da Facebook junto dos anunciantes.
Há quatro trimestres consecutivos que as taxas de crescimento homólogo de utilizadores ativos têm vindo a abrandar, chegando a 11% no segundo trimestre deste ano, o ritmo de crescimento mais baixo desde que a rede social entrou em bolsa em 2012.