A Raize, que esta sexta-feira deu a conhecer os resultados da oferta pública de venda (OPV) de 15% do seu capital, espera que outras empresas sigam o seu exemplo e apelou ao setor para que aproveite o momento atual para continuar a dinâmica e reativar o mercado de capitais português.
“Virão – esperamos nós – mais empresas procurar esta alternativa, temos esperança que nas próximas semanas e meses venham a aparecer mais oportunidades de operações,” afirmou José Maria Rego, o presidente da empresa gestora da plataforma de financiamento colaborativo para empréstimos a PME.
Durante a sessão, realizada em Lisboa na sede da Euronext Lisbon, o fundador da Raize referiu-se à tarefa de “trabalhar para conseguir reativar o mercado de capitais português e desafiou todos os agentes de mercado a “dar continuidade a esta dinâmica.”
Com a dispersão de capital a Raize captou 1 419 investidores na venda de 750 mil ações. Os títulos, cada um com preço de venda a 2 euros, começam a negociar no Euronext Access (plataforma destinada a startups e PME) sob o símbolo MLRZE na bolsa de Lisboa a partir da próxima quarta-feira, 18 de julho. Está prevista uma segunda fase nos próximos seis meses para colocar mais 10% da empresa em bolsa.
Na sessão, José Maria Rego reconheceu a incerteza nos agentes de mercado no processo de colocação, dado que “já não havia OPV em Portugal há vários anos” (a última foi a da Espírito Santo Saúde em fevereiro de 2014) mas realçou a convicção dos parceiros financeiros e jurídicos da colocação, que “acreditaram que era possível e tinha muita pertinência no espaço português.”
O responsável insistiu ainda na necessidade de todos os intervenientes estarem preparados para os primeiros dias de negociações “para responder às necessidades dos investidores,” já que – como tinha referido em comunicado esta tarde – se espera um “forte dinamismo.”
Início de um novo ciclo?
À EXAME, a administradora da Euronext Lisbon, Isabel Ucha, admitiu que o anúncio da OPV da Raize e a divulgação de indicadores de procura na operação geraram mais curiosidade no mercado, com empresas a contactar a gestora da bolsa e a querer saber mais. Sem se adiantar sobre outros processos de entrada em bolsa que estejam em preparação, a responsável disse no entanto que há “possibilidades efetivas de que se venham a materializar.”
“[A Raize] mostrou que é possível fazer colocação em mercado de empresas relativamente pequenas,” acrescentou, reconhecendo que esta dispersão de capital pode ser o sinal de um novo ciclo a iniciar-se, depois de nos últimos meses várias empresas terem pedido a perda da qualidade de sociedade aberta.
“Estou em crer que o que estamos a viver é muito mais a normalidade do mercado do que os últimos anos, em que vivemos um período particularmente difícil por razões alheias ao mercado de capitais. Vivemos um contexto económico estável e favorável, o que faz sentido é o que está a acontecer,” concluiu.