Entre os países da Zona Euro, apenas Lituânia e Eslovénia viram as suas vendas ao exterior crescer mais no ano passado do que Portugal. Se olharmos para o investimento, a Eslovénia é acompanhada por Letónia e Estónia como os países mais dinâmicos da moeda única. A seguir? Novamente Portugal. Em ambos os casos, o desempenho português está no topo das economias europeias.
Já se sabia que o investimento tinha aumentado no ano passado em Portugal ao ritmo mais rápido desde 1998, ano da Expo 98. Agora, a partir dos dados publicados ontem pelo Eurostat, é possível concluir que o reforço de 9% face a 2016 foi superado por apenas quatro dos 28 países para os quais existem valores, apenas dois dos quais pertencem à Zona Euro: Hungria, Letónia, Estónia e Eslovénia (a Irlanda também poderá estar nesta lista, mas ainda não há dados).
O investimento português – medido em formação bruta de capital fixo – aumentou mais do dobro da média da Zona Euro e da União Europeia, que tiveram variações de 3,5% e 3,8%, respectivamente. Trata-se de uma inversão face aquilo que aconteceu em 2016, quando o investimento teve uma evolução bastante mais débil do que a generalidade dos países europeus e muito abaixo da média dos mesmos.
No que diz respeito às exportações, a história não é muito diferente. O crescimento de 7,9% foi o maior desde 2010, tendo sido superado apenas pela Lituânia, a Eslovénia e a Roménia no contexto da União Europeia. Também neste caso, o desempenho nacional ultrapassa largamente as médias comunitárias (4,9% e 4,8% na Zona Euro e na UE, respetivamente).
Por outro lado, uma área onde Portugal deixa de estar no topo da montanha é na evolução do consumo. No ano passado, este indicador aumentou 1,7%, ficando em linha com o resultado na média da UE e um pouco acima dos países da moeda única (1,5%). Treze estados membros tiveram crescimentos mais fortes.
No entanto, importa sublinhar que estamos a falar de consumo final total, que inclui famílias, instituições sem fins lucrativos e o setor público. Se nos concentrarmos apenas nos gastos dos agregados familiares, Portugal compara ligeiramente melhor, com um crescimento de 2,2%, distanciando-se da média da UE e da Zona Euro, mas ainda com bastantes países com melhor resultado, oito dos quais da moeda única.
Estas três componentes contribuíram para o crescimento do PIB, mas falta considerar aquilo que o penaliza: as compras ao exterior. Como as exportações portuguesas têm um conteúdo importado elevado, isso significa que para vender mais, Portugal tem também de importar mais. Em 2013, por cada 100 euros exportados, Portugal tinham de importar 45. O conteúdo importado do investimento é 32%, enquanto o do consumo privado é ainda mais baixo: 22%. Ou seja, no ano passado, mais exportações e mais investimento significaram também mais importações, que cresceram tanto como as exportações: 7,9%. Também ele um dos valores mais altos da Europa.
Tudo somado, a economia portuguesa cresceu 2,7% em 2017. O melhor resultado desde 2000, que coloca Portugal acima da média da UE e da Zona Euro, embora com oito países da moeda única com resultados melhores.