Um estudo revelou que na primeira vaga de Covid-19 no Reino Unido as mortes causadas pela infeção foram cerca de 70% mais altas em zonas com maior poluição do ar.
Publicado esta semana no jornal científico multidisciplinar J, um jornal científico multidisciplinar revisto. o artigo analisou o impacto dos fatores socioeconómicos e ambientais na mortalidade por Covid-19 durante a primeira vaga da pandemia no Reino Unido, entre março e junho de 2020. Um destes fatores é a poluição atmosférica. “O ambiente (especialmente a qualidade do ar) tem uma importante influência na mortalidade por Covid-19”, pode ler-se no estudo, realizado por Peter Congdon, professor de geografia na universidade londrina Queen Mary, e já revisto pelos pares. A existência de um contraste pronunciado entre as zonas metropolitanas e rurais, que se refletem na qualidade do ar, é outra conclusão assinalada.
Citado pela Sky News, Congdon explica que espera que o seu trabalho ajude a evitar que haja um número tão alto de mortes em futuras epidemias semelhantes e que sirva para destacar “os problemas de longa data da má qualidade do ar nas cidades”.
O estudo explica que o elevado número de mortes em zonas com maior poluição do ar se deve à prevalência de óxido de nitrogénio, dióxido de enxofre e PM10, pequenas partículas que constituem elementos de poluição atmosférica.
Segundo a Royal College of Physicians, citada pela Sky News, a poluição atmosférica diminui o tempo de vida de cerca de 40 mil pessoas no Reino Unido. Em março, o Tribunal de Justiça do Parlamento Europeu repreendeu o Reino Unido por “sistematicamente e persistentemente” exceder os limites legais de dióxido de nitrogénio desde 2010 e por falhar nos seus deveres legais de combater o ar poluído.
Este não é o primeiro estudo que liga a poluição do ar com as mortes por Covid-19 no Reino Unido. Também um estudo preliminar da Universidade de Cambridge, publicado no MedRXiv, já tinha identificado uma correlação entre os níveis mais altos de poluição do ar e as mortes por Covid-19. Um outro artigo, publicado na Cardiovascular Research e divulgado pela Sociedade Europeia de Cardiologia, também estudou esta relação noutros países, desde a Ásia à Europa. Nele se concluiu que a exposição a longo prazo a partículas tóxicas em suspensão no ar está diretamente ligada a uma média de 15% das mortes globais ocorridas durante a pandemia.