Exma. Senhora Diretora,
Refiro-me ao editorial da vossa última edição [“Desabituem-se!”, publicado a 19 janeiro]. Se há pessoa que não podia escrever a meu respeito o que nele está escrito é mesmo a diretora da VISÃO.
Porque sabe que o “habituem-se” foi retirado do contexto. Não se tratou da expressão de qualquer arrogância da minha parte, como a gravação vídeo comprova, e, muito menos, não é a síntese das minhas declarações. Foi “apenas” o título escolhido para esconder a entrevista.
Porque a foto da capa não é um registo de reportagem, não é a captação da minha linguagem gestual durante a entrevista. E não está, de maneira nenhuma, associada ao “habituem-se” que a acompanha. Trata-se da foto de um cenário de produção montado pela revista e na pose que me foi pedida – “agora assim mais ao lado com a perna cruzada”.
Há semanas que pago com o silêncio o penoso castigo de ter confiado na VISÃO.
Aqueles que viram a capa, a maioria sem acesso ao corpo da entrevista, passaram a acreditar no perfil de arrogância que me foi criado e que não reconheço. Agora, a diretora da VISÃO, que acompanhou as duas horas da entrevista e a encenação da foto, é mesmo a única pessoa no mundo que não tem direito a que eu leia em silêncio o que escreveu. — António Costa
NOTA DA DIREÇÃO
A VISÃO recusa a acusação de descontextualização no título “Vão ser quatro anos, habituem-se!”, publicado a 14 de Dezembro, como se pode aferir pelo vídeo disponível no site.
Recusa também a acusação de encenação da fotografia de capa, para a qual, como habitualmente acontece nestas ocasiões, o primeiro-ministro posou de forma voluntária e até acompanhado da sua equipa de comunicação.
Os valores de rigor, isenção e transparência da VISÃO são inalienáveis. E a opinião é livre.