Rui Rio pediu a demissão de Mário Centeno, mas Francisco Rodrigues dos Santos, para já, não o faz. Numa resposta enviada à VISÃO acerca da tensão entre António Costa e o ministro das Finanças, o presidente do CDS põe, antes, a mira sobre o primeiro-ministro, mas pede a Marcelo Rebelo de Sousa que se mantenha como árbitro e não queira ser jogador.
“A coordenação política no Governo é responsabilidade do primeiro-ministro. Existindo descoordenação a culpa é de António Costa, que deve assumir as suas responsabilidades. A avaliar pelos rasgados elogios que lhe fez nos últimos quatro anos, nenhum português diria que seria difícil ao primeiro-ministro entender-se com o ‘Ronaldo das Finanças'”, ironiza o líder dos democratas-cristãos sobre o desaguisado que surgiu na sequência da transferência de 850 milhões de euros do Estado para o Novo Banco.
Assim, prossegue Rodrigues dos Santos sobre a crise que já levou Centeno à residência oficial do primeiro-ministro, “cabe a António Costa esclarecer se o ministro das Finanças é capaz de acertar o passo e se mantém a sua confiança nele” ou se, em alternativa, “a relação institucional se deteriorou ao ponto de Mário Centeno ter que abandonar o Governo”.
Apesar da tensão nas hostes socialistas, “Chicão” (como é conhecido no partido) não contém uma farpa a Rio e ao PSD – que se apresassaram a pedir “a cabeça” do ministro -, vincando que o chefe do Executivo “não conta” com o CDS “para fazer o frete de escolher por ele”.
Quem também não escapa aos remoques do presidente centrista é Marcelo Rebelo de Sousa (que já no sábado, em entrevista ao Expresso, tinha merecido alguns reparos sobre a alegada intimidade do Chefe do Estado com o PS. “Seria prudente que, neste processo, o Presidente da República zelasse pelo regular funcionamento das instituições e evitasse ser arrastado para conflito, não lhe cabendo coordenar o Governo”, remata Rodrigues dos Santos, indo ao encontro do apelo que fizera para que Marcelo não embarque “numa espécie de banalização” do cargo que ocupa.