O presidente do PSD já reagiu ao duelo que tem vindo a ser travado nos últimos dias, em praça pública, entre António Costa e Mário Centeno e considera que chegou o fim da linha para o ministro das Finanças. Numa publicação no Twitter, Rui Rio escreveu que o ministro “não tem condições” para continuar no cargo, sobretudo depois da prestação desta quarta-feira, no Parlamento, em que o debate sobre o Programa de Estabilidade e sobre o Programa Nacional de Reformas foi marcado pelo tema do empréstimo ao Novo Banco.
“Se estava mal, com esta prestação na AR [Assembleia da República], Centeno ainda ficou pior. Não tem condições para continuar!”, disparou o líder social-democrata, acrescentando: “Mal vai um PM [primeiro-ministro] que mantém um Ministro que não lhe foi leal, que tem a crítica pública do PR [Presidente da República], que a bancada do PS não defendeu e que diz ser irresponsável fazer o que o PM anunciou.”
A sugestão da demissão vem na sequência das declarações feitas ao final desta manhã por Marcelo Rebelo de Sousa, à porta da fábrica da Autoeuropa, em Palmela, que ajudaram Costa a puxar o tapete a Centeno, uma vez que deixaram o “artífice” do excedente orçamental exposto à controvérsia sobre a transferência de 850 milhões de euros para o banco que foi objeto de resolução em 2014.
Desde a campanha eleitoral para as legislativas, recorde-se, que Rio tem estado friccionado com o titular da pasta das Finanças. O pináculo do conflito foi atingido quando Centeno comparou o cenário macroeconómico do PSD à “aldrabice” de um comerciante que aumenta preços “antes da época dos saldos”, advertindo que Rio vende o velho carro com uma pintura “novinha”. O líder “laranja” retorquiu lamentando que o governante tenha baixado “demasiadamente o nível”, o que, na sua opinião, demonstrava “alguma falta de capacidade para a política”.
Para memória futura ficará também a proposta de debate entre o Centeno de Rio – Joaquim Miranda Sarmento, hoje presidente do Conselho Estratégico Nacional do partido – e o Centeno original, que o ministro sempre declinou realizar.
O tiro de partida de Rangel
Antes do tweet do presidente do partido, Paulo Rangel defendera também que Centeno já não tem condições para continuar em funções no Terreiro do Paço, na sequência das falhas de comunicação com o primeiro-ministro sobre a transferência de 850 milhões de euros para o Novo Banco.
No programa “Casa Comum”, Rádio Renascença, o eurodeputado social-democrata afirmou que António Costa não pode sair ileso, mas visou, sobretudo, Centeno. “Aquilo que em qualquer país normal aconteceria e, se um ministro das Finanças ocultou – ele já disse que ocultou -, evidentemente que ele tem de tirar consequências disso. Ou tem de ser demitido ou tem de se demitir”, advogou.
O comentador notou ainda que a transferência de 850 milhões de euros para o Novo Banco devia ser “muito bem” comunicada, em que Portugal tem de fazer face a uma severa crise económica desencadeada pela Covid-19.