Brain snack: a história da camisola às riscas

Brain snack: a história da camisola às riscas

Numa breve busca pela história da camisola às riscas, chamada quase sempre de ‘Breton’, na ligação à região francesa da Bretanha, encontram-se habitualmente três momentos chave. Um primeiro alude à ligação entre o vestuário às riscas e as pessoas que viviam à margem da sociedade, durante a Idade Média; um segundo na óbvia conexão com o traje dos marinheiros; e um terceiro com a criadora de moda Coco Chanel. Todos eles certos e todos eles a ajudar a edificar um brain snack à la PRIMA, onde se tenta contar, em poucas linhas, a história desta peça de vestuário que, ano após ano, continua a aparecer nas lojas de moda. Pelo meio haverá um conjunto de episódios, derivações e até desvios de uma biografia que é tudo menos linear, e que terão, neste texto, o devido destaque. 

Comece-se, então, pela Idade Média, altura em que criminosos, prostitutas e bobos da corte apareciam frequentemente vestidos com roupas de riscas – em alguns países a obrigatoriedade era decretada por ler –, acredita-se que de forma a serem facilmente identificáveis em multidões. 

Coco Chanel com a sua Breton, em 1928

Viaje-se depois até à Bretanha, para assinalar o nascimento oficial da peça de roupa que viria a ser rebatizada mais tarde como ‘Breton Stripe’. Feita originalmente de lã, com uma gola larga – não por acaso conhecida como ‘gola à barco’ – tinha 21 riscas brancas de 20 milímetros e 21 azuis de 10 milímetros na zona do tronco e 15 riscas brancas e azuis nas mangas. De acordo com o livro What Artists Wear, do jornalista Charlie Porter, “as 21 riscas supostamente simbolizam o número de vitórias de Napoleão sobre a Marinha Real Britânica”. Em meados do século XIX, a camisola começou a ser usada pelas altas patentes da Marinha Nacional de França e, em 1858, estendeu-se aos restantes marinheiros e tornou-se o uniforme oficial da força naval francesa. Diz-se até que a gola alargada era uma forma de tirar o uniforme mais rápido quando se estava de serviço e que as riscas ajudavam a identificar com facilidade um homem caído no mar. Mais: inicialmente era fabricada pela marca Saint James, ainda hoje existente. Num longo artigo sobre o assunto escrito pela jornalista Kiera Coffee, fala-se da disseminação da camisola também entre outras figuras presentes nos portos na costa de França, como pescadores ou vendedores.  

Acredita-se então que tenha sido através dessas mesmas pessoas, que a designer Coco Chanel tenha ficado para sempre associada às riscas. De viagem à Riviera Francesa diz-se que ali bebeu inspiração para incluir, em 1917, a camisola Breton Stripes numa coleção de moda feminina. Na realidade, não era incomum que a camisola fosse usada no campo, mas raramente era vista nos looks mais citadinos, algo que a criadora mudou. Segundo um artigo do The Guardian, a disseminação não se deve inteiramente a Coco Chanel, mas também ao casal de artistas norte-americanos Sara e Gerald Murphy, que viviam na Côte d’Azur nos anos 20 e usavam muito (especialmente Gerald), a ‘marinière’, como também era chamada a camisola.  

Quando Pablo Picasso se mudou para o sul de França também adotou a camisola às riscas, tornando-a uma peça também a si associada. Ainda no livro What Artists Wear, Charlie Porter descreve as riscas Breton como “um símbolo de juventude e rebelião nas décadas de 50 e 60”, sendo usadas para compor um estilo chique ou boémio, por diferentes pessoas. Mais tarde, também Jean Paul Gualtier se tornou responsável por trazer as camisolas às riscas para a moda, fazendo-a presente durante mais de 30 anos nas suas coleções de moda, sempre com muitas variações de cor.

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