“Passámos do 80 para o 8”, lamenta Francisco Ferreira, da Quercus. E em nenhuma outra área esta frase faz tanto sentido como no solar. No que diz respeito aos coletores solares (para a água quente), no setor doméstico, na “fase do 80”, o Estado devolvia praticamente metade do custo dos aparelhos, através da dedução em IRS.
Como o preço ronda os 1800 euros, para uma moradia ou apartamento de uma família de quatro pessoas, o consumidor só teria de assegurar cerca de 900 euros. Agora, na “fase do 8”, todos estes benefícios desapareceram. O investimento já não pode ser abatido no IRS; e o IVA dos coletores passou de 12% para 23 por cento.
“Mesmo sem incentivos, o investimento na energia solar compensa”, garante Francisco Ferreira, “demora é mais tempo a ter retorno”. Mas é um facto que sem o empurrão do Estado, as famílias deixaram de apostar tanto no fotovoltaico.
Como consequência, segundo a VISÃO apurou, muitas das empresas que se dedicavam em exclusivo ao solar térmico e fotovoltaico acabaram por fechar as portas, ou estão em sérias dificuldades, lançando centenas de técnicos para o desemprego. As que ainda conseguem sobreviver são aquelas que, assegura uma fonte do setor, “efetuam outro tipo de serviços, como soluções de eficiência energética”.
A APREN – Associação de Energias Renováveis, reconhece que “esta ainda é uma tecnologia com elevados custos associados, mas é importante não esquecer que Portugal possui elevados recursos endógenos, bastante superiores aos de países onde esta tecnologia tem sido muito desenvolvida, como é o caso da Alemanha”.
Com o anterior governo, o objetivo era a instalação, entre 2012 e 2020, de 1000 Megawatts (MW) de potência de solar fotovoltaico. No entanto, o segundo Plano Nacional de Ação para as Energias Renováveis, apenas considera a possibilidade de instalação de 500 MW. Em relação ao solar termoelétrico, a diminuição da capacidade a desenvolver até 2020 passou de 500 MW para 50 MW.
Os profissionais do setor ainda esperam conhecer as razões que levaram à redução drástica da atribuição de potência nestas duas vertentes, sobretudo “num País com excelentes condições naturais para o aproveitamento deste recurso”, como realça a APREN.
Potência atual instalada:
163 MW (0,9% do total)
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