Pat Garrett & Billy the Kid é um dos grandes filmes do indomável realizador norte-americano Sam Peckinpah. Encontrar alguma semelhança entre isto e Billy the Kid, A Lenda é puro estrabismo. O filme de Vincent D’Onofrio propõe-se a contar uma história paralela em torno desses dois grandes mitos do Oeste norte-americano, deslocando o foco para dois irmãos, que fogem do tio, após o rapaz, de 14 anos, ter matado o pai, tentando evitar que este matasse a mãe à pancada. Nesta fuga, deparam primeiro com Billy, depois com Pat. De alguma forma, estas personagens míticas definem-se através da forma como lidam com o miúdo e a sua irmã, mais velha. E também pelo modo como estes os olham.
Contudo, este novo western apresenta logo vários problemas. À partida é demasiado asseado, como se as personagens fossem manequins. Jake Schur, no papel de Rio, em momento algum deixa de parecer um miúdo de liceu mascarado de cowboy para a festa de Carnaval. E Leila George, no papel de Sara, uma cara bonita a desfilar num cenário de plástico. Claro que Ethan Hawke e até Dane DeHaan são minimamente competentes no seu papel de lendas. Todavia, o filme não se livra de um certo anacronismo estrutural. É como se vestissem as personagens com a mentalidade e moralidade do séc. XXI, apesar das roupas do oeste norte-americano do séc. XIX. Há qualquer coisa que não bate certo.
Assim, nada neste filme é minimamente credível e temos dificuldade de envolvimento na história. Até porque a própria trama se torna frouxa. Não há um grau de imprevisibilidade minimamente estimulante, muito menos um olhar de realizador que se distinga e arrisque uma ideia estética. Entre os westerns recentes, apesar das más críticas, mais vale Os Irmãos Sisters, de Jacques Audiard. Antes um western foie gras, do que um western copinho de leite.
Veja o trailer do filme:
Billy the Kid, a Lenda > De Vincent D’Onofrio, com Ethan Hawke, Dane DeHaan, Jake Schur, Leila George > 100 minutos