Há coincidências felizes – ou, digamos de outro modo: éticas de trabalho imbatíveis. Nos últimos tempos, a omnipresença de Vasco Araújo, quer em mostras a solo quer integrando coletivas, permitiu fazer um tour d’horizon da sua produção artística, assim confirmando a pertinência, coerência, relevância e singularidade deste artista plástico, nascido em 1975. Partir a Loiça (Galeria João Esteves de Oliveira) e Todas as Histórias (Fundação Carmona e Costa) permitiram-nos ver as suas explorações do desenho, permeado por memórias e leituras históricas; na coletiva Género na Arte. Corpo, Sexualidade, Identidade, Resistência (no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado) incidiu-se nas problemáticas de género; em A Preto & Branco, na Coleção da Fundação PLMJ (até 29 de março), e em Teoria das Exceções (Centro Internacional das Artes José de Guimarães, até 10 de junho) revisitam-se geografias identitárias e pós-coloniais; Em Germinal – O Núcleo Cabrita Reis na Coleção de Arte Fundação EDP (que inaugurou na Galeria Municipal do Porto a 16 de março), debruça-se sobre os aspetos performativos. Juntam-se-lhe agora as quatro peças inéditas de La Morte del Desiderio: uma escultura sonora e três instalações de grande formato, anunciadas como a continuação da sua “investigação poética e visual sobre diferentes formas de dissidência”, uma exploração sobre o desejo humano e sobre uma “ideia de futuro que não está disponível para o imprevisto”. Capriccio – La Morte del Desiderio cruza as linguagens teatral e cinematográfica; Bloco de Notas – La Morte del Desiderio revela “um bloco de anotações sobre as personagens ‘fictícias’ da primeira instalação e cruza esculturas de figuras humanas da Antiguidade Clássica” com notas manuscritas “sobre os seus conflitos interiores”; O Inimigo, finalmente, opera uma reflexão sobre a construção desta figura como instrumento definidor, por oposição, da identidade.
Galeria Francisco Fino > R. Capitão Leitão, 76, Lisboa > T. 21 584 2211 > até 28 abr, ter-sex 12h-19h, sáb 15h-20h