Foi nos tempos livres de um outro projeto que surgiu este solo de Miguel Pereira. Obrigado a adiar a peça Happy Piece (sobre felicidade, curiosamente), o bailarino e coreógrafo deu por si a pensar como podia preencher esses vazios do calendário. A reflexão levou-o a confrontar-se com a sua condição de artista, com os seus desejos e opções, “neste sistema em que hoje vivemos”.
“O paradigma tem-se vindo a alterar. A arte é um espaço e um tempo que deveria contrariar a lógica mercantil do produto artístico. Isso põe-me num dilema, que sinto cada vez mais urgente”, explica. É esse conflito que dança agora em palco. “A questão da produtividade tornou-se mais premente do que a necessidade de se dizer alguma coisa, há uma grande pressão para mostrar resultados. Isso causa-me desconforto, até porque existe também uma outra necessidade que é a da sobrevivência”, continua.
Fez, então, Peça Para Negócio, título com duplo sentido, que vai buscar o nome da sala onde o solo será apresentado e a ideia de arte-negócio. Em palco, dança o conflito e a impossibilidade, a oposição entre claridade/visibilidade e escuridão/fragilidade, e dança, ainda, a sua ligação com o público que o vê ali – será ele, no final, o legitimador do seu sucesso e existência enquanto artista.
Peça Para Negócio > Negócio > R. de O Século, 9, porta 5, Lisboa > T. 21 343 0205 > 1-4 fev, qua-sáb 21h30 > €7,50