Há uma nova vida no Café Progresso, um dos mais antigos do Porto (nascido em 1899), desde que reabriu, renovado, no início de setembro. Mal se atravessa a porta, continua a cheirar a café – agora com uma maior oferta, mas já lá vamos. À primeira vista notam-se novos balcões de madeira e mesas comunitárias, mas mantiveram-se as cadeiras antigas, a parede, o tijolo burro e o chão original de outros tempos. É preciso “não esquecer o passado”, realçam os novos proprietários, um grupo de sócios liderado pelos empresários Artur Mendes, Pedro Sá Pereira e Diogo Batista. Mas pretende-se, dizem, construir o novo futuro deste café histórico que, em 1968, chegou a receber Américo Tomás, então Presidente da República. “Há que respeitar o tempo para que as pessoas possam assimilar esta mudança”, defende Pedro Sá Pereira.
Na carta, mantém-se o café de saco que deu fama à casa (€0,70), mas apostou-se no café de especialidade (a partir €0,80) que vem, em grão, da Etiópia, Guatemala, Brasil, Ruanda, Peru e Costa Rica, e é torrado numa máquina de torrefação. “O Progresso sempre esteve na vanguarda do café e assim continuará”, assegura Artur Mendes. Por lá ainda se encontram os queques (de maçã, nozes e passas) feitos pela D. Odete Rebelo, empregada da casa há 14 anos. Assim como o bolo de iogurte ou de maçã e canela. Mas existem, agora, novas opções saudáveis, criadas pela blogger Joana Alves (Miss Vite), entre sumos naturais, saladas, tostas – como a de pera, nozes e queijo de cabra gratinado (€9), iogurtes caseiros, panquecas doces e salgadas (a partir €4) – e ovos, como os benedict com espargos e cogumelos (€6), os escalfados com beterraba, cenoura, guacamole e coentros, os estrelados ou os revueltos.
No piso de cima, o pizzaiolo Marcelo Costa prepara focaccias e pizzas em massa tradicional, integral e – a novidade – em massa pinsa, feita com farinha de arroz, soja e trigo, que precisa de 150 horas de maturação (a partir €11). Numa mesa comunitária, serve-se vinho e cervejas artesanais e, em breve, também queijos e enchidos. “Há quem primeiro estranhe e depois entranhe”, conta Pedro Sá Pereira quando questionado sobre a opinião dos clientes habituais. É o progresso, dirão.
Café Progresso > R. Ator João Guedes, 5, Porto > T. 22 332 2647 > ter-qui 8h-24h, sex-sáb 8h-01h, dom 9h-23h