O projeto do restaurante, diz o chefe Pedro Mendes, tem tudo a ver com a sua “paixão” pelo Alentejo
Gonçalo Rosa da Silva
Ao fim de semana aconselham a reserva ou corre-se o risco de ficar a ver os outros comer. Tem sido assim nas útlimas semanas, no restaurante da Quinta do Quetzal, o produtor de vinhos que há pouco mais de um mês inaugurou um Centro de Arte Contemporânea, em Vila Frades, uma das últimas novidades a abrir no Alentejo. O edifício, construído de raiz para albergar o centro de arte, tem no piso superior um restaurante com cozinha tradicional alentejana e assinatura de Pedro Mendes. Um desafio que lhe foi feito e sobre o qual o chefe diz: “Tem tudo a ver com a minha paixão pelo Alentejo.”
Quando se entra na sala onde funciona o restaurante, o olhar fixa-se imediatamente no grande painel de azulejos com um desenho colorido de um Quetzal, a ave que dá nome à quinta e também a alguns dos seus vinhos. Produzido pela Viúva Lamego e inspirado numa ilustração de Henriette Arcelin, o painel tem honras de destaque numa das paredes. Escolher um lugar para sentar pode ser difícil, há mesas no interior, lugares ao balcão e, na esplanada exterior, situada na varanda. Já sentados, começa a viagem gastronómica, de preferência, acompanhados por um vinho.
Brás de farinheira
O chefe gosta de trabalhar uma cozinha de proximidade, com produtos que podem ser encontrados num raio de mais ou menos 50 quilómetros. “Por exemplo, as baby leafs são produzidas na Universidade de Évora, vêm de um bocadinho mais longe, mas foi o mais perto que se arranjou”, explica. Os produtos alentejanos estão em destaque na carta, e são a base da cozinha de Pedro Mendes, que utiliza o borrego (que vem de um produtor próximo), os enchidos, as aromáticas, o azeite e o vinho da Quetzal. “Temos o cuidado de cozinhar com o vinho da adega. O polvo, por exemplo, é estufado em vinho branco. Não fazia sentido ser de outra maneira, a ideia é utilizar o que cá temos e que é muito bom”, continua.
A carta é composta maioritariamente por petiscos: croquetes de farinheira com bolota, espargos com ovos, morcela frita com maçã reineta, pezinhos de coentrada, iscas com batata frita ou Brás de farinheira. Eis alguns exemplos da comida que é partilhada às mesas e, de preferência, harmonizada com um dos vinhos da casa.
Borrego assado com batata brava e legumes salteados
As raízes da cozinha alentejana estão, portanto, um pouco por toda a carta, que apresenta ainda um menu composto por entrada, prato, sobremesa, café e duas taças de vinho (€22,50). Este menu tem disponíveis alguns pratos, entre os quais, o borrego alentejano assado com batata brava e legumes salteados. Os menus mudam sazonalmente e o do outono está mesmo a chegar – vão sair os figos e entrar as uvas, acabam as sopas frias e entram outras iguarias como o cachaço ou os míscaros. O melhor é mesmo passar por lá e, entre a arte contemporânea e a arte da cozinha, passar um dia em cheio.
Quinta do Quetzal > Vila de Frades, Vidigueira > T. 284 441 618 > visitas: qua-dom 11h, 15h, 17h; centro de arte: qua-dom 10h-20h; restaurante e loja: qua-qui, dom 10h-20h, sex-sáb até 23h
