A ligação entre depressão e insónias, no sentido em as pessoas que sofrem de depressão apresentam uma maior dificuldade em adormecer, já tinha sido encontrada. Agora, um novo estudo olhou para a mesma ligação mas em sentido contrário, focando-se sobretudo num aspeto comum da depresão e ansiedade: a presença de pensamentos negativos repetitivos.
A investigação, liderada por Meredith E. Coles e Jacob A. Nota da a Universidade de Binghamton, observou 52 adultos que tinham obtido uma pontuação elevada no Perseverative Thinking Questionnaire (PTQ), um inquérito formulado especialmente para avaliar a intensidade deste distúrbio.
Os participantes, a quem foi pedido que descrevessem a sua rotina de sono, foram expostos a imagens negativas (com armas, facas e animais perigosos, por exemplo), positivas (incluiam fotografias da natureza e de desportos) e neutras (com objetos do dia-a-dia como itens de decoração).
Os investigadores usaram uma tecnologia de rastreamento ocular para medir a atenção que os indivíduos davam a cada imagem e concluíram que as pessoas que dormiam menos de 8 horas por noite ficavam mais tempo a dar atenção às imagens negativas e tinham uma maior dificuldade em libertar-se do que tinham visto.
Estes resultados sugerem que a falta de sono está relacionada com a incapacidade de ultrapassar pensamentos negativos, que estão muitas vezes associados a estados de depressão e ansiedade.
Meredith Coles, uma das autoras do estudo, afirma, em comunicado, que “foi possível perceber que as pessoas neste estudo têm tendência em ficar com os pensamentos ‘presos’ na cabeça, o que torna mais difícil o desvinculamento dos estímulos negativos que lhe apresentámos” , e acrescenta que “enquanto as outras pessoas conseguem receber informação negativa e seguir com a sua vida, estes participantes têm muita dificuldade em ignorá-la”.
Não foi possível esclarecer porque razão os inquiridos têm mais dificuldade em ultrapassar episódios negativos mas os autores acreditam que esta ligação “pode ser explicada por uma redução dos recursos cognitivos disponíveis, em particular dos necessários para inibir informação e lidar com nova informação.” e esclarecem ainda que “é possível que a interrupção do sono seja um segundo golpe para o controlo da atenção em indivíduos que já são mais vulneráveis na resposta subjetiva e/ou fisiológica a informação negativa”.