O ambiente nos mercados de capitais também não ajudou, mas a estreia em bolsa das ações da Uber acabou por desiludir as expetativas. O maior IPO (Initial Public Offer) em vários anos na bolsa de Nova Iorque teve um arranque carregado de dúvidas.
As ações foram vendidas a 45 dólares e, no primeiro dia de negociação – esta sexta-feira – não mais voltaram a esse valor, chegando mesmo a perder quase 9%, para depois corrigir dessas perdas.
Para alguns analistas citados pela Bloomberg e pela Reuters, os investidores não encontram, para já, motivos para valorizar a empresa acima do preço do IPO, devido sobretudo à crónica incapacidade da Uber em ganhar dinheiro.
É que, apesar do grande crescimento a nível mundial, a empresa já leva dez anos de existência sem ter um único exercício lucrativo. Em 2018, a perda foi superior a três mil milhões de dólares. As anteriores entradas de capital – antes da abertura em bolsa – serviram para investir na expansão internacional e na entrada em novos segmentos, como a entrega de comida, já disponível em Portugal. No entanto, a concorrência continua fortíssima e os clientes muito sensíveis ao preço, o que limita a rentabilidade da Uber.
O preço das ações ao final da tarde avaliava a empresa um pouco abaixo dos 75 mil milhões de dólares, um valor inferior ao que estava implícito aquando da última entrada de investidores, nomeadamente a Toyota, em Agosto.
Por outro lado, o próprio dia não terá sido o ideal para a estreia das ações, e para a sua avaliação por parte dos investidores, que só poderá ser medida com mais significado daqui a algum tempo. As tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, que voltaram a subir de tom nos últimos dias, levou a quedas generalizadas nas principais bolsas de todo o mundo, com destaque para os EUA.