“Procuro que as esculturas digam alguma coisa com o mínimo de palavras, que sejam objeto de interrogação.” Foi deste modo lapidar que Zulmiro de Carvalho respondeu, em 2011, à questão sobre a aparente simplicidade da sua obra. O escultor, sábio oficiante de um vocabulário minimal, no qual se destacam peças dotadas de superior limpidez, é homenageado na terceira edição da Bienal Internacional de Arte Gaia com uma exposição antológica com curadoria de Helena Fortunato. Mas a programação tem outras apostas sob a bandeira da “reafirmação”, como caracterizou o diretor Agostinho Santos. Assumida como “bienal de causas” em 2018, essa linha programática prossegue em 2019: políticas migratórias, questões de género e ecologia são temas abrangidos.
Este ano, há 14 exposições que reúnem mais de 500 artistas de 14 nacionalidades, e algumas delas têm mão de políticos. Casos da mostra Mulheres e Cidadania, cocomissariada por Manuela Aguiar (ex-secretária de Estado da Emigração) e Luísa Prior, que revela trabalhos de artistas femininas de várias nacionalidades; ou de Paz e Refugiados, exposição com cocuradoria de Ilda Figueiredo (presidente do Conselho Português para a Paz e Cooperação e vereadora da CDU na Câmara Municipal do Porto) e Mirene, que junta 45 artistas (André Gigante, Zulmiro de Carvalho, Manuela Bronze, João Carqueijeiro…).
Mas há mais: Artistas Convidados apresenta obras de cerca de 70 nomes, incluindo Ângelo de Sousa, Nadir Afonso ou Jorge Curval; Na Sombra do Infinito, curada por Albuquerque Mendes, mostra pintura, instalações e fotografias de Ana Vidigal, Alfredo Cunha, Graça Pereira Coutinho, Lucília Monteiro, entre outros, ao lado de brasileiros como Leda Catunda ou Jarbas Lopes; Territórios do Vinho junta visões sobre o património vinhateiro; e Desempacotar a Cultura resulta do trabalho de Do Carmo Vieira retratando figuras da cultura nacional em pacotes de leite transformados… E há ainda Livre Mente, que amplia o campo de influência da bienal até à literatura: escritores como Gonçalo M. Tavares, João Tordo ou Isabel Rio Novo, foram desafiados a pintar, fotografar e esculpir.
Ao concurso internacional da Bienal Internacional de Gaia concorreram 222 artistas de 13 nacionalidades, tendo sido selecionados 89. Os três prémios disponíveis (Grande Prémio da Bienal/CM de Gaia, Prémio de Escultura Zulmiro de Carvalho/CM de Gondomar e Prémio Águas de Gaia) têm o valor de €5 mil.
3ª Bienal Internacional de Arte Gaia 2019 > Quinta da Fiação (antiga Companhia de Fiação da Crestuma) > R. das Hortas, 375, Lever, Vila Nova de Gaia > T. 22 379 2339 > 24 abr-20 jul, ter-sex 14h30-19h, sáb-dom 10h-20h > Casa-Museu Teixeira Lopes/Galerias Diogo de Macedo > R. Teixeira Lopes, 32, Vila Nova de Gaia > T. 22 374 2904 > 24 abr-20 jul, ter-dom 9h-12h30, 14h-17h > Extensão a polos expositivos em Alfândega da Fé, Braga, Estremoz, Gondomar, Monção, Seia, Viana do Castelo e Vigo