Quatro ilustradores para quatro blocos, agarrados a muitos capítulos. Assim se compõe a agenda do Serviço Educativo da Casa da Música. Um projeto único, realizado desde 2012, que mais parece um álbum ilustrado e não um programa para diferentes públicos. De distribuição gratuita, a agenda tem informação sobre concertos, workshops e diversas atividades, mas não é por isso que guardamos cada nova publicação na estante lá de casa. Apesar alguns espetáculos se repetirem de ano para ano, as ilustrações são sempre diferentes. Criadas depois de alinhados os textos, a convidar a uma outra narrativa, que é interessante explorar.
Sempre em ligação com o programa, o Serviço Educativo oferece a quatro ilustradores “uma tela em branco para interpretar os temas da agenda”. André Cruz, consultor gráfico, acrescenta que “só pelas ilustrações passa muito do ambiente das atividades, permitindo uma leitura mais original e imediata”. Só falta ouvir os sons. Eles estão lá, sempre. O riso das crianças, o “burburilho” à entrada das salas, as notas soltas da orquestra.
Vamos então à história, que começa a desenhar-se na página 16, com Tiago Galo e um conjunto de originais casas de um e dois pisos, umas pequenas e outras nem por isso, mas todas coloridas a vermelho e azul e ligadas ao edifício de Rem Koolhaas. Nos espetáculos seguimos a Aurora e o Natal Português, deixando-nos embalar pela Alice no País das Músicas. Depois das ilustrações de Tiago Galo nos Espetáculos, Ana Types Type envolve-nos com os Workshops, passando depois para Nicolau na Formação e Miguel Ramos no Fora de Série.
Desengane-se quem pensa que a agenda é um livro para miúdos, embora se possa ler e mostrar aos nossos filhos. Ou talvez não. “A nossa agenda não é para crianças. Queremos que seja uma comunicação que chegue a todos”. Jorge Prendas, coordenador do Serviço Educativo da Casa da Música, acredita ter “a melhor agenda do mundo”, que ano após ano alimenta o objetivo de “educar para a ilustração”. É por ela que nos envolvemos da primeira à última página das quatro grandes áreas do extenso programa. A fama da agenda não é a do anuário das estrelas, mas está a fazer o seu caminho. “Ainda não somos o calendário Pirelli, mas já despertamos expetativa, curiosidade e interesse”, conclui Jorge Prendas.