É uma arrumação de casa, este Há Laranjeiras em Atenas (Temas & Debates, 224 págs., €16,60). Desatado pela palavra “balburdioso”, o volume começou “como divertimento, passou a narrativa de viagens, transformou-se em livro de memórias”. Reclama o “escreviver” de David Mourão-Ferreira, realça a sua crença na literatura e revela a consciência da mortalidade (nos seus livros de telefones, diz, as cruzes aumentam: “Os meus mortos ganham fileiras mais densas, na ordem alfabética”).
Em capítulos curtos, a longa estrada de memórias de Leonor Xavier é tecida entre viagens e receitas, notas líricas e retratos intimistas, Portugal e Brasil, charmosos chalés burgueses ou estradas asiáticas, tudo acompanhado por name-dropping afetuoso: Ana Vicente, Teresa Belo, Ruy Belo, Jorge Amado, Nélida Piñon… O sumo da vida.