Não é que se esperasse ver fogo-de-artifício, um tapete vermelho à porta ou que o trânsito parasse no Príncipe Real, em Lisboa, no dia da abertura do restaurante Jamie’s Italian, do conhecido chefe britânico Jamie Oliver, responsável por vários restaurantes (entre eles, destacam-se o Barbecoa, em Londres, e a cadeia Jamie’s Italian, no Reino Unido e noutros países). E por mais que se questionasse a data oficial da inauguração, o certo é que esta se manteve secreta. Até que, na passada sexta-feira, 26, o Jamie’s Italian abriu, discretamente e sem qualquer aviso, as suas portas.
Antes de chegar à mesa, descobrem-se os recantos deste restaurante com 500 metros quadrados repartidos por três pisos, com três salas e dois terraços, que mostram a paisagem lisboeta, onde se encaixa, por exemplo, o Castelo de São Jorge e a colina da Graça.
Já sentados, defronte a um grande janelão que desvenda o Jardim do Princípe Real, começa o banquete com a degustação das célebres tábuas, duas entradas de assinatura do chefe: a classic meat, com carnes frias e a vegetariana, que se acomodam por cima de latas de tomate. A ideia é que o salami de funcho, a mortadella com pistáchio, os vegetais grelhados, marinados em alho e azeite de ervas aromáticas, o queijo pecorino, entre tantas outras iguarias se elevem aos olhos e ao olfacto, explicaram. Ao lado, colocam um pão brioche, com manteiga de ervas caseira, alho tostado, alecrim e parmesão (guloso!); uns pedaços de lulas crocantes com chili, e mais umas quantas entradinhas que nos acalmaram o apetite. Seguiram-se duas pastas, com massas fresca, feitas todos os dias com as farinhas 00 e de trigo, ovos free range e muito amor, conforme pode ler-se num quadro perto da mesa.
À prova está um spaguetti nero com lulas fritas, mexilhões, polvo, alcaparras, chili, anchovas, tomates e vinho branco; e um linguini com camarão, molho de tomate, rúcula, responsável por deixar um travo (leve) picante no paladar. Se quiser seguir a sugestão do chefe, saiba que não deve acrescentar-se o queijo parmesão às pastas de sabor a mar (fica a dica). Após uma pequena pausa, é a vez de chegarem as pizzas, onde se destaca a truffle shuffle, com molho branco, queijo fontal, cebolas aromatizadas em balsâmico, ovo free-range e trufa preta.
Ainda o almoço vai a pouco mais de meio, e fica-se a saber que há que guardar um espacinho e apetite para mais dois pratos. Umas costeletas de borrego, que Jamie Oliver diz serem responsáveis pelos dedos queimados de alguns clientes que não esperam que arrefeçam para as comer à mão. Estão acompanhadas por pimentos agridoces, alcaparras fritas, salsa verde e umas chips de polenta com alecrim e parmesão. Já quase a desistir (leia-se a atirar a toalha ao chão) e a pensar que me fico por aqui, eis que sou surpreendida com um prato de dourada, cozinhada em água salgada, com anchovas, azeitonas, vinho branco, entre outros ingredientes.
Passadas mais de três horas sentados à mesa, o banquete terminou com a prova de um cheesecake de limão com merengue italiano, lemon curd e compota de groselhas pretas. Com o café, arrisco uma dentada no queque de chocolate quente com recheio de praliné fundido, servido com gelado de baunilha e praliné, rezando para que não se traga mais comida a esta mesa cheia de jornalistas e repórteres fotográficos.
Acrescente-se que também não se esperava ver por cá o próprio Jamie Oliver, de jaleca vestida, a preparar um dos seus pratos desta ementa italiana que utiliza ingredientes, provenientes de fornecedores italianos e portugueses, que promovem práticas de produção sustentável, free range e wellfare. Por isso, o chefe conhecido pelos vários programas televisivos e livros de cozinha delegou a responsabilidade desta equipa, formada por 47 funcionários, ao gerente Liam Pasley e ao chefe Paul Galli, que iniciou a sua carreira no Jamie’s Italian de Glasgow.
A verdade é que há muito tempo que se aguardava que o 64º restaurante desta cadeia mundial abrisse portas na capital portuguesa. Durante um ano, desde a entrevista onde o chefe responsável pela Jamie Oliver Food Foundation e o Food Revolution Day – que têm por objetivo melhorar a qualidade de vida de pessoas em todo o mundo através de uma melhor educação alimentar – mostrou a intenção de chegar aos comensais lisboetas, acompanharam-se as obras, na Praça do Príncipe Real, número 28, com olhos de falcão.
Acredita-se que um dia os seus clientes (autora deste texto incluída) tenham a honra de ver o chefe Jamie Oliver, por ali, seja a cozinhar seja a dar dois dedos de conversa sobre a sua experiência na cozinha. Até lá, marque-se reserva para almoçar ou jantar no restaurante do momento (reserva com 15 dias de antecedência, não diga que não avisámos). A digestão, essa, continua em casa, em frente a uma chávena de chá de menta.
Jamie’s Italian > Pç do Príncipe Real, 28A, Lisboa > T. 92 530 1411 > dom-qui 12h16h, 19h-23h, sex-sáb até às 24h
Veja aqui as fotografias do restaurante Jamie’s Italian que ocupa 500 m2, repartidos por três pisos