Portas que se abrem sozinhas (mecanizadas), banco traseiro que se transforma numa poltrona, sistema de home theater a bordo e uma quantidade quase infindável de detalhes para apelar aos clientes mais exigentes. O primeiro Série 7 100% elétrico pretende ser o derradeiro carro de luxo de zero emissões. E depois de alguns momentos a bordo, tanto no lugar do condutor como nos bancos traseiros, parece-nos que a BMW não exagerou nos adjetivos quando apresentou o i7.
Tecnologia nacional faz a diferença
À frente, os dois ecrãs curvos lado-a-lado, numa arquitetura que já conhecíamos do BMW iX, correm o mais recente sistema operativo da marca alemã, que foi desenvolvido em Portugal pela Critical Techworks. Um sistema carregado de funcionalidades, como as muitas apps conectadas para, por exemplo, fazer streaming de música ou até tratar do e-mail do trabalho. E apesar do iX ter sido lançado há pouco tempo, o infoentretimento do i7 já traz evoluções que deverão chegar ao iX através da atualização remota do software. Por exemplo, a assistente digital, capaz de dialogar em viva voz com o utilizador, está mais expressiva. Não tem (ainda) sorriso nem face, mas uma animação gráfica reforça a comunicação com o utilizador. Torna-se mais fácil, por exemplo, saber se assistente nos entendeu. O nível de personalização cresceu, através dos My Modes, que alteram os padrões de luz interior, o som artificial, que parece ter saído de um filme de ficção científica, e, claro o comportamento do carro. Naturalmente, funcionalidades como suspensão dinâmica com controlo pneumático e controlo da reatividade do volante estão presentes.
A interface condutor/sistema foi reforçada com outras inovações. Uma barra ao longo do tablier ilumina-se de diferentes formas animadas para, por exemplo, alertar o condutor de perigo ou ajudar a encaminhá-lo para o caminho certo. Apesar de toda a tecnologia presente, há menos botões do que na versão anterior, o que ajuda acriar um ambiente que, dentro do luxo, até acaba por ser minimalista. Podemos interagir com o sistema de infoentretenimento diretamente no ecrã tátil ou através do já conhecido ‘jogdial’ em cristal – o mesmo material que é usado, por exemplo, para os comandos de controlo nos bancos disponíveis nas portas. Pareceu-nos que a BMW conseguiu atingir o sempre difícil equilíbrio entre funcionalidade e minimalismo no que aos comandos diz respeito.
Lugares VIP
Mas se os ecrãs frontais impressionam, o que dizer do gigantesco ecrã disponível para os lugares traseiros? São mais de 30 polegadas com resolução 8K e acesso direto, por exemplo, a serviços de streaming e suporte para Amazon Fire TV. Um ecrã articulado que, quando não é utilizado, fica escondido no tejadilho – garantiram-se que se trata de um ecrã à prova de acidentes. E é possível acertar a posição do ecrã, mais para a frente ou mais para trás, e a inclinação. Útil, por exemplo, quando optámos pela posição reclinada com espaço extra no banco traseiro direito – um simples toque num botão faz recolher o banco do passageiro da frente e tornar o banco traseiro numa verdadeira chaise longue.
Todo o sistema pode ser controlado no próprio ecrã – tátil, claro – ou nos pequenos ecrãs táteis instalados nas portas. É como se tivéssemos um pequeno tablet embutido em cada porta para controlar os confortos disponíveis para os passageiros que ocupam os lugares traseiros. Como os 36 altifalantes do sistema de som! Tivemos a oportunidade de ver um bocadinho de Senhor dos Anéis em som surround e a experiência… é preciso ver e ouvir para crer. Sobretudo quando se ativa o modo Theater que, com apenas um botão, apresenta o ecrã, faz fechar as persianas das janelas para ofuscar a luz exterior e ativa a equalização mais adequada ao cinema.
Dá, de facto, vontade de entrar no i7. E até isto pode ser feito com um certo estilo, já que as portas tem abertura e fecho mecanizado com vários sensores a impedirem que toquem onde não devem. Um controlo que, naturalmente, pode ser feito de modo centralizado. Por exemplo, um motorista do i7 pode fazer abrir todas as portas em simultâneo para facilitar a entrada e saída dos passageiros.
Componente elétrica
O i7 é gigante. Ninguém se poderá queixar de falta de espaço a bordo. Aliás, os responsáveis da BMW garantiram-nos que a habitabilidade é superior à do concorrente direto – supomos que se referiam ao Mercedes EQS. Mas também é verdade que se nota as concessões de uma plataforma partilhada – o novo Série 7 também estará disponível com motores de combustão em versões híbridas. Há ‘túnel de transmissão’ a separar os lugares traseiros e o capô longo pode ser visto como um desperdício de espaço para um 100% elétrico.
O i7 só vai estar disponível com uma bateria, com uns expressivos quase 102 kWh de capacidade útil, que deverá permitir uma autonomia real acima dos 500 km (625 km segundo o ciclo WLTP). A potência de carregamento fica um pouco abaixo dos 200 kW. A BMW diz que é suficiente para carregar 170 km de autonomia em apenas 10 minutos, mas estranhámos que um carro com o posicionamento do i7 não suporte potência de carregamento acima dos 200 kW, já disponíveis em carros elétricos de segmentos inferiores. “Tudo uma questão de equilíbrio”, disseram-nos, salientando o novo sistema de gestão da bateria, que inclui possibilidade de pré-condicionamento térmico para aumentar a velocidade de carregamento. O que pode acontecer automaticamente quando a navegação foi programada e incluir passagens pelas estações de carregamento ou manualmente pelo condutor, desde que a capacidade da bateria esteja a 40% ou superior.
Claro que, com 400 kW (544 cavalos) potência não falta ao xDrive60, mas para o ano está prevista uma versão ainda mais poderosa, o M70 com mais de 600 cavalos! Após o lançamento do i7 chegarão as versões Diesel (740d) e híbridas plug-in (PHEV) a gasolina (não estrão previstas motorizações exclusivamente a gasolina).
Apenas o princípio
Em resposta à Exame Informática, Pieter Nota, membro da administração da BMW, reforçou os objetivos da marca para a eletrificação: “Este ano queremos vender mais de 200 mil elétricos, mais do dobro do ano passado”, acrescentado que o “objetivo é vender dois milhões de VE até 2025 e, em 2030, ter estes veículos a representar mais de 50% das vendas, o que significará 1,5 milhões de carros por ano”.
A digitalização está, também, no centro da estratégia da BMW. Segundo Nota, a marca vai conjugar a disponibilização de serviços digitais de terceiros, como está a fazer com a Amazon, mas também vai apostar em serviços de próprios “como pacotes de som, de iluminação e serviços de condução autónoma”.
O BMW i7 deverá estar disponível desde o lançamento da nova Série 7, previsto para novembro.