A União Europeia revela que Vokswagen (dona da Audi e da Porsche), BMW e Daimler (Mercedes-Benz) atuaram coletivamente para atrasar o desenvolvimento e adoção de tecnologias que levariam a emissões menos poluentes. O grupo Volkswagen terá de pagar 502 milhões de euros, a BMW foi multada em 303 milhões, enquanto a Daimler escapou ao pagamento de 727 milhões, por ter denunciado todo o esquema às autoridades.
Uma reportagem de 2017 do Der Spiegel noticiava que o cartel das emissões diesel já existe desde a década de 1990. As fabricantes automóveis terão participado em reuniões secretas onde discutiram “tecnologia, custos, fornecedores e sistemas de purificação dos gases emitidos pelos veículos de combustão”. A União Europeia lançou uma investigação na sequência deste trabalho jornalístico, realizando buscas nas instalações das empresas visadas, com a Daimler a pedir o estatuto de denunciante logo em outubro desse ano.
A acusação formal de conluio surgiu em 2019 e agora é conhecida a consequência, com as multas a referirem-se a condutas menos lícitas que aconteceram entre 2009 e 2014, noticia o The Verge.
VW, BMW e Daimler terão acertado entre si características como os tamanhos dos tanques de AdBlue ou outros dados técnicos sobre o líquido usado para neutralizar os níveis de emissões de óxido de azoto prejudiciais ao ambiente. As autoridades acusam as empresas de ter acesso a tecnologia e soluções que tornavam os carros mais amigos do ambiente e de terem conspirado para não as utilizar. “Os cinco fabricantes automóveis Daimler, BMW, VW, Audi e Porsche tinham a tecnologia para reduzir as emissões nocivas para lá dos limites impostos pela UE. No entanto, evitaram competir na utilização desta tecnologia para limpar mais do que era exigido pela lei. A decisão de hoje é sobre como a cooperação técnica correu mal. Não toleramos que as empresas conspirem”, lê-se no comunicado emitido pela UE.
A VW já reagiu dizendo que está a considerar apresentar um recurso à multa, por considerar que se está a estabelecer um precedente num território pouco familiar, que a substância das discussões nunca foi implementada e que os clientes não sofreram qualquer consequência.