Tal como deixas uma marca na areia quando caminhas na praia, todos os dias deixas a tua marca no Planeta. Para fazer a tua comida, a tua roupa, os livros da escola ou a tua própria casa foram usados recursos naturais do Planeta.
Vejamos: é preciso terra para plantar os morangos do teu lanche ou para o pasto da vaca que dá a carne que comes ou até para construir a tua casa.
O carro dos teus pais funciona a gasolina, feita a partir de combustíveis fósseis; e para o banho quentinho, precisas de gás para aquecer a água. Já para não falar na água que gastas nesses banhos mais distraídos!
A roupa que vestes é fabricada, entre outros produtos, com algodão, que precisa de terra e muita água para crescer; para fazer os livros da tua escola é preciso cortar árvores; para que tenhas bateria no telemóvel, é necessário explorar minas para extrair lítio.
Estes são alguns exemplos dos recursos naturais que o planeta te oferece para que te alimentes e tenhas um estilo de vida confortável. Tu e biliões de outras pessoas no mundo. Não é, por isso, preciso fazer muitas contas para perceber que, dia após dia, retiramos muito da Terra.
O problema é que nós usamos demasiados recursos e o Planeta não consegue repô-los à mesma velocidade que nós os gastamos. E há ainda outro problema: quanto mais consumimos, mais lixo fazemos… E lá vem o problema da poluição, e do excesso de plástico, por exemplo, de que tens ouvido falar.
Quando a quantidade daquilo que nós consumimos, exploramos ou «gastamos» é maior do que o planeta consegue repor ou suportar, dizemos que excedemos a biocapacidade da Terra. E há ferramentas que medem estes gastos, ou seja, que calculam a pegada ecológica de uma pessoa, de uma cidade, de um país e até da população de todo o mundo.
De um lado, contabiliza-se aquilo que precisamos: alimentos cultivados, carne, peixe, madeira e outros produtos retirados das florestas, espaço para construções e floresta para absorver o dióxido de carbono que produzimos. Do lado do planeta faz-se a conta às zonas de floresta, de cultivo, de pasto, de pesca, etc. – as áreas produtivas, seja na terra ou no mar.
As notícias não são boas: a verdade é que estamos a gastar muito mais do que o Planeta consegue regenerar. E, tal como se consegue calcular a pegada ecológica da população mundial, também se calcula todos os anos, o Dia da Sobrecarga da Terra (Earth Overshoot Day, em inglês), que marca a data em que a humanidade usou todos os recursos naturais que o planeta pode renovar durante o ano inteiro. No ano passado, foi a 28 de julho. Ou seja, a partir desse dia, ficámos «a dever» à Terra. Precisávamos de 1,75 planetas para satisfazer as nossas necessidades, mas só temos um… Como diz o slogan: «Não há Planeta B».
Queres calcular a tua pegada ecológica?
Podes fazê-lo aqui. Pede ajuda a um adulto, que também pode calcular a sua ou até a da vossa cidade.
É possível que, depois de calculares a tua pegada, fiques chocado com o resultado. Mas vais sempre a tempo de alterar alguns hábitos na tua vida, de forma a reduzi-la. Vê, em baixo, algumas ideias.
Contudo, é importante que compreendas que a responsabilidade não é só tua ou da tua família. Os governos também são responsáveis pela pegada ecológica dos seus países, pois podem e devem criar leis mais «verdes», de proteção ao ambiente. É por isso que se têm criado muitos movimentos ambientalistas e manifestações, como aquelas que Greta Thunberg iniciou e se alargou aos jovens de todo o mundo.
10 ideias para reduzires a tua pegada ecológica
Quando tomares banho, fecha a torneira enquanto te ensaboas ou lavas o cabelo. Prefere o duche, não enchas a banheiras.
Sempre que possível, usa os transportes públicos ou a bicicleta para ires para a escola e convence os teus pais a fazerem o mesmo, se tiverem essa possibilidade.
Pensa duas vezes antes de comprar mais uma T-shirt ou outra peça de roupa. Precisas mesmo dela? Porque não reciclas uma que tenhas por casa, há muitos canais de manualidades no Youtube que ensinam maneiras giras de transformar roupa «velha» em nova!
Não imprimas o que não precisas. Quantas vezes vai para o caixote do lixo logo a seguir? Se imprimires, fá-lo nas duas faces. Se não o fizeres, usa a parte de trás das folhas de papel para rascunhos.
Come menos carne durante a semana. Podem aí em casa organizar os «dias sem carne» e pensar em pratos deliciosos para substituir o bife com batatas fritas. Sabias que a criação intensiva de animais é fonte de muita poluição e até contribui para o efeito de estufa? (neste artigo explicamos o que é isso).
Torna-te membro da biblioteca para poderes requisitar os livros que queres ler. Podes também pedir aos teus pais para vender os livros que já não queres em sites especializados em vendas. O mesmo se aplica a brinquedos, roupas, etc. Assim dás uma «segunda vida» aos teus objetos» em vez de os deitares ao lixo. É uma das regras da «economia circular».
Quando fores às compras, evita sacos plásticos. Leva alguns que já tenhas em casa, sejam de plástico reutilizável ou de pano. Prefere lojas para onde possas ir a pé. Assim, não poluis e ainda fazes exercício!
Fala com os teus pais e explica-lhes que, sempre que possível, o melhor é comprar produtos que não estão embalados (assim reduzes o consumo de plástico e cartão, por exemplo).
Nas férias, se puderem optar pelo meio de transporte até ao vosso destino, prefiram o comboio ao avião. É muito menos poluente.
Porquê mudar de telemóvel se o teu ou o dos teus pais ainda funciona bem? Vão gastar-se mais recursos para fabricar esse novo aparelho e o velho vai transformar-se em lixo eletrónico.
Curiosidade: sabias que no ano passado, 5300 milhões de telemóveis foram para o lixo?
Este artigo doi editado a 20 de abril de 2023