Tal como os seres humanos e os animais, as árvores também comunicam. E fazem-no de várias maneiras. Quando as vemos, tão imóveis e silenciosas, parece mentira, não é? Mas a verdade é que todos os seres vivos comunicam, da mais pequena bactéria à maior das baleias-azuis, e fazem-no com seres da mesma espécie e até de espécies diferentes.
As formas como «falam» é que são muito variadas: as mensagens podem ser transmitidas sob a forma de substâncias químicas, sons e cantos, mudanças de cor e outros sinais visuais, por exemplo. É fácil perceber quando pensamos nos animais: as aves cantam, os camaleões mudam de cor… Mas, e as plantas, que são tão diferentes dos animais? Como comunicarão as árvores? Ora vamos lá conhecer alguns dos seus «truques».
‘Internet’ de fungos
Através das suas raízes, as árvores comunicam e relacionam-se com vários fungos que vivem no solo. Os fungos envolvem as raízes das árvores e recebem açúcares que ela produz durante a fotossíntesee, em troca, os fungos ajudam as árvores a absorver água e sais minerais. Além disso, estes fungos funcionam como uma «internet» entre as árvores: elas comunicam entre si através da rede de fungos. Libertam substâncias químicas pelas raízes, eos fungos conduzem essas substâncias até outras árvores, avisando-as da presença de herbívoros, por exemplo! Outra função desta rede é permitir que algumas árvores, as chamadas «árvores-mãe», ajudem as árvores novas a crescer, transferindo-lhes nutrientes pelas raízes.
Curiosidade
A rede de fungos (a que se chama micélio) que se desenvolve no solo pode ocupar áreas muito grandes? Nos Estados Unidos da América, foi descoberto um fungo cujo micélio ocupa quase 10 km quadrados!
Ao longo dos tempos, as árvores desenvolveram também formas engenhosas de comunicar com animais, de forma a que eles as ajudem em algumas «tarefas». A polinização (processo de transferência do pólen, que permite a reprodução das plantas) é uma delas. As plantas mais arcaicas (antigas) usam, sobretudo, o vento para polinizarem as suas flores. Mas, para a maioria das plantas, comunicar com animais polinizadores, como as abelhas, é mais eficaz. Para os atraírem, e eles levarem o pólen de flor em flor, as árvores desenvolveram flores com cores vistosas e perfumes chamativos. Muitas delas até lhes oferecem uma recompensa pelo trabalho: o néctar. A intensidade dos perfumes é tão grande, que pode chegar a quilómetros de distância para chamar polinizadores!
Pronto a comer!
Um dos objetivos das plantas e árvores é que os seus frutos (que contêm sementes no interior) sejam levados para longe, de modo a dispersar as suas sementes. Embora muitas árvores confiem no vento para levar os seus frutos, o tempo mostrou-lhes que os animais são eficientes a «espalhar» sementes que, após germinadas, resultarão em novas plantas. Quando os animais comem os frutos, as sementes acabam por sair com as fezes, que vão sendo «deixadas» aqui e ali… Para mostrar que os seus frutos já podem ser comidos, as plantas usam vários sinais. Uns mudam de cor, de verde para vermelho ou laranja; outros libertam perfumes doces ou nauseabundos (consoante o animal que querem atrair); outros só ficam doces e comestíveis quando as sementes estão formadas.
Sabias que…
… um dos frutos mais malcheirosos do planeta é o durião, proveniente das florestas da Indonésia, Malásia e Tailândia? Dependendo da opinião, o cheiro pode ser descrito como uma mistura de vomitado, fezes e cebolas!
Perfumes secretos
As árvores também podem comunicar através do ar. As acácias, por exemplo, em África, quando são «atacadas» por herbívoros como as girafas, produzem substâncias nas suas folhas para as tornarem amargas e pouco apetitosas. Essas substâncias são libertadas no ar e, levadas pelo vento, acabam por chegar a outras acácias. Servem como uma mensagem de aviso às mais próximas, para que estas comecem a produzir as tais substâncias antes que os herbívoros cheguem! E, pelos vistos, as girafas sabem disso: dirigem-se para as acácias mais distantes, aquelas que provavelmente ainda não foram avisadas da sua presença!
Este artigo foi originalmente publicado na edição nº 190 da VISÃO Júnior