Duas figuras da nova geração de atores, caras da próxima novela “Para Sempre” da TVI, falam sobre os seus novos projetos e confessam à VISÃO Júnior como é ser estudante e atriz em tempo de confinamento. Beatriz Frazão, de 17 anos, que se afirma uma jovem como as outras, diz ser difícil conciliar escola, gravações e vida social, mas foca-se na esperança de que tudo melhore rápido. Apesar disso, conseguiu ainda escrever um livro que foi lançado no dia 21 deste mês.
Madalena Aragão, de 15 anos, grata pela oportunidade de fazer parte de mais uma telenovela da TVI, vê no confinamento a altura ideal para fazer crescer a sua positividade e mostra-se determinada a suceder em todos os desafios que se avizinham.
Beatriz Frazão: «A sensação de um livro lançado com o meu nome é inacreditável!»
Anunciaste que ias lançar o livro “Queres ser ator?” este mês. Como é que surgiu esta ideia e qual a sensação de ter um livro lançado em teu nome?
Beatriz: Surgiu na forma de um convite por parte da editora Nuvem de Tinta, no qual vi uma oportunidade de partilhar a minha experiência de forma a poder ajudar quem também sonha ser ator. A sensação de um livro lançado em meu nome é inacreditável! De repente tenho a minha vida profissional encadernada e a cores! Quase como se fosse um registo oficial de que aquilo aconteceu mesmo. De todas as coisas que sonhei, nunca imaginei que um dia escreveria um livro, ao mesmo tempo sinto-me um pouco nervosa pois é um trabalho muito íntimo e de alguma responsabilidade.
Qual foi a parte que mais gostaste de escrever? Há algum aspeto que gostasses de destacar?
Beatriz: A parte que mais gostei de escrever foi a secção dedicada aos medos e inseguranças, pois acabou por ser também um pouco terapêutico para mim poder falar sobre isso. A exposição pública vem associada a uma grande pressão e a autoestima está sempre a ser posta em causa, é fundamental desenvolver ferramentas para conseguir lidar com isso. O livro tem uma secção inteira dedicada a este tema e escrita com o apoio de dois psicólogos. Também senti muita alegria quando descrevi a noite em que recebi o Globo de Ouro! Foi um momento inacreditável cheio de emoção e, ao escrevê-lo, foi quase como se o estivesse a viver novamente.
Sabemos que as atrizes Rita Blanco, Maria João Luís e Madalena Aragão te acompanharam nesta jornada. Como foi contar com a sua ajuda?
Beatriz: São três atrizes absolutamente incríveis e talentosas e, curiosamente, completamente diferentes umas das outras. A Rita Blanco e a Maria João Luís são as melhores atrizes com quem eu já trabalhei e, não há ninguém mais qualificado do que elas para aconselhar aquilo que mais valorizam num ator. A Madalena é a minha companheira de representação, já trabalhámos em vários projetos juntas e como somos tão diferentes, achei que seria muito interessante ela incluir o seu ponto de vista. Foi um privilégio poder contar com a ajuda de tantos mentores que enriqueceram muito este livro!
Qual a principal mensagem que gostarias de transmitir a quem procura realizar sonhos como o teu?
Beatriz: Tenho três mensagens que considero serem fundamentais: a primeira é ter a certeza de que se está a fazer aquilo que se ama e não por outro qualquer motivo que não seja o amor pela arte; em segundo lugar estudar e trabalhar muito, pois só o talento, apesar de muito importante, não será suficiente; e por último nunca desistir! Passaremos por muitos nãos até chegar ao primeiro grande sim!
Beatriz e Madalena: juntas na nova novela “Para Sempre”
Como foi saberem que tinham sido escolhidas para mais uma novela?
Beatriz: Para mim foi mesmo uma surpresa… comecei por fazer um casting em formato self-tape em casa e disseram-me que não tinha sido escolhida. Mas passado um mês, chamaram-me e soube que tinham mudado de decisão! Fiquei mesmo feliz, ainda para mais por ir gravar com a Madalena!
Madalena: Eu fui convidada para esta novela e tive duas reações: What vou fazer a nova novela… e What vou contracenar com a Bea! Foi muito bom e estamos a divertir-nos imenso!
Depois de todo esse entusiasmo, e depois de terem gravado a série Quarenteens juntas, como foi saber que iam contracenar novamente?
Madalena: A série Quarenteens foi muito diferente, porque foi toda gravada em videochamadas. Foi no meio do confinamento e não houve qualquer tipo de interação física entre nós. Esta vai ser mesmo a primeira experiência juntas em televisão. Ficámos super entusiasmadas porque as nossas personagens são bastante diferentes e desafiantes (risos), e está a ser muito fixe!
E contracenarem juntas, como é? Há risos pelo meio, há desentendimentos, ou corre sempre tudo bem?
Beatriz: Ando a gravar muito com Madalena e estamos muitas vezes juntas fora de cena. Tiramos fotografias, rimos e divertimo-nos imenso! Quanto às gravações, acho que a Madalena é a melhor pessoa da minha idade com quem poderia trabalhar. Ela tem muitas coisas que eu não tenho e que sei que precisava de ter para ser “perfeita”. Por isso acho que nos complementamos mesmo muito bem!
Madalena: Ohhh, tens toda a razão… Para além de nos complementar-mos, a nossa amizade tem crescido bastante, o que está a dar muita verdade às nossas personagens, porque são amigas. É óbvio que há risos e que nos desmanchamos um bocadinho, mas a Bea é mesmo muito profissional! Por isso é que é ótimo trabalhar com ela!
Estando num contexto de pandemia, aceitaram de imediato o convite? Tiveram algum receio?
Beatriz: Não, claro que não! Temos que ter muito cuidado, mas nunca me passou pela cabeça rejeitar um projeto destes por causa daquilo que estamos a passar! Qualquer pessoa pode ter o azar de ser contagiado, mas esse medo nunca se impôs porque eu sabia que ia estar a fazer aquilo que mais gosto!
Por falar em ter cuidado… Quais são os mil protocolos de higiene que têm que seguir para poder entrar no estúdio para gravar?
Madalena: Ui, são tantos… então: Não podemos tirar as máscaras a não ser quando é estritamente necessário – nem nos ensaios podemos tirá-las; desinfetar as mãos sempre que pudermos; manter a distância quando não estamos a usar máscara; não conviver com equipas de outras novelas – porque a TVI grava várias novelas no mesmo local; e ter o máximo de cuidado. Ah, e todas as semanas fazemos um teste com a zaragatoa e eu já devo ir tipo nuns 20!
Beatriz: Eu sempre tenho mais sorte! Acho que ainda só fiz uns 10 (risos).
No meio de todas as dificuldades que a vossa área está a atravessar, nomeadamente o teatro, conseguiram entrar neste projeto. Como é que vêm tudo isto?
Beatriz: Sinto-me mesmo muito agradecida porque, sinceramente, pensei que este fosse ser um ano em branco em que não ia fazer nenhuma novela. Mas quando recebi a notícia fiquei mesmo muito feliz e foi mais uma oportunidade para poder fazer aquilo que mais gosto! Senti-me uma sortuda.
Madalena: Eu costumo dizer que a sorte dá mesmo muito trabalho, e eu, tal como muitas pessoas, esforcei-me muito para ter este papel. E para além disto, acredito e sei que quem trabalha realmente vai conseguir ter uma oportunidade como esta. É só continuar a acreditar! Mas acima de tudo, estou mesmo agradecida por estar a fazer aquilo que mais amo e com as pessoas que mais gosto!
Conciliar a escola com as gravações
Em relação à escola, como é que a conciliam com as gravações? Deve dar imenso trabalho!
Beatriz: Eu gravo mais ou menos dois ou três dias por semana sempre da parte da tarde – porque de manhã tenho aulas. Claro que é difícil conciliar porque temos sempre imensas tarefas, imensos testes… mas com trabalho tudo se consegue!
Madalena: Acima de tudo é disciplinarmo-nos, mantermo-nos organizados e gostarmos daquilo que fazemos, porque se não gostarmos não tem piada. Uma coisa excelente que a COVID-19 me trouxe foi a positividade – tento motivar-me sempre e pensar “já passámos por tanta coisa, é só mais um bocadinho”. Para além disto, manter um sorriso na cara é sempre importante, porque sem um sorriso na cara nada vale a pena! Estou muito filosófica hoje… (risos).
E no meio disso tudo como é que têm tempo para ler, ouvir música e ver filmes ou séries?
Madalena: Nem sei bem… Eu tive uma semana super overwhelming em que não estava a conseguir fazer nada. Sentia que andava só entre aulas e gravações, aulas e gravações… Depois tinha uma data de trabalhos de casa, trabalhos de grupo, trabalhos de filosofia de 10 páginas (risos). Mas agora acalmou um bocadinho porque me organizei, consegui fazer tudo super-rápido e tento aproveitar os tempos todos livres que tenho para ler, ouvir música, ver um filme ou estar um bocadinho ao telemóvel com os meus amigos. Tenho é que ser organizada!
Já que se conseguem organizar tão bem, será que podem dar umas dicas aos leitores da VISÃO Júnior para se manterem sempre motivados no tempo que atravessamos?
Madalena: Então vá, eu dou três e a Bia outras três (risos):
1. Uma coisa que acho que dá imenso jeito é comprarem uma agenda. Escrevam lá tudo o que têm para fazer, e metam um check sempre que cumprirem uma atividade. Vão ver que vão chegar ao final do dia com um tempinho extra.
2. A minha segunda dica é preparar a roupa toda para o dia seguinte – roupa, brincos, sapatos tudo. Eu fazia isto quando as aulas ainda eram em regime presencial e agora, para evitar andar desmotivada e o dia todo de pijama, é mesmo importante!
3. A minha última sugestão é simples… Há dias em que sei que é difícil porque estamos confinados e mais desmotivados… Mas façam jantares zoom com os vossos amigos. É uma maneira de sermos mais felizes e acordarmos no dia seguinte ainda mais felizes.
Beatriz: Hmm… deixa-me pensar:
1. Façam bastante exercício físico… e de preferência de manhã! Vão ver que o dia se vai tornar muito mais produtivo, muito maior e que vão conseguir fazer muito mais coisas.
2. Para passar o tempo melhor, ler livros é super importante! Mantem-nos ocupados e, falo por mim, é uma coisa que adoro fazer.
3. Por fim, esta quarentena sem música era impossível. Fiz a minha playlist e estou sempre a ouvi-la! Façam-no porque ajuda a tornar os dias muito mais alegres.
Têm alguma mensagem que queiram deixar aos leitores da VISÃO Júnior?
Madalena: O que eu tento fazer é acordar todos os dias com um sorriso na cara. Eu sei que há dias mais complicados em que não apetece sequer sorrir, mas é fingir até sentir. Acordar com um sorriso na cara, comer as nossas Estrelitas, beber o nosso café com leite, comer as nossas torradas e pensar que vai ser um dia ótimo funciona. E sermos felizes é o objetivo principal, porque se não o formos, what’s the point?
Beatriz: Eu acho que o segredo é estarmos agradecidos por tudo que a vida nos dá. Uma coisa que eu faço todos os dias quando acordo é agradecer por tudo o que me tem acontecido de bom e pelas 10 coisas que melhor me fizeram no dia anterior. Também gosto de pensar que, mesmo nos momentos piores há sempre uma luz ao fundo do túnel e que vai tudo correr bem, porque que já falta pouco!
Madalena: Uma professora uma vez disse-me uma coisa que me marcou imenso: “A vida nunca está contra nós, está sempre connosco”. E por mais que possamos sentir que só estamos a receber coisas más, isso só acontece porque a vida sabe que somos fortes e que vamos aguentar. Okay que estamos fartos de confinar, fartos da pandemia, fartos de estarmos longe uns dos outros, só queremos a vacina e receber muitos abraços, mas a luz ao fundo do túnel está a aparecer! E está cada vez mais perto!