Em princípios de Agosto de 1966, Mercedes e eu fomos ao posto de correios de San Angel, na Cidade do México, para enviar para Buenos Aires o original de Cem Anos de Solidão. Era um embrulho com 590 páginas, escritas à máquina, a dois espaços, em papel comum, e dirigido ao director literário da editora Sudamericana, Francisco (Paco) Porrúa. O empregado dos correios colocou a encomenda na balança, fez os seus cálculos mentais, e disse:
«São oitenta e dois pesos.»
Mercedes contou as notas e as moedas que tinha na carteira e confrontou-me com a realidade:
«Só temos cinquenta e três.»
Tão acostumados estávamos a estes tropeções quotidianos, depois de mais de um ano de penúria, que não tivemos que pensar muito na solução. Abrimos o embrulho, dividimo-lo em duas partes iguais e mandámos para Buenos Aires uma delas, sem sequer nos perguntarmos como iríamos conseguir o dinheiro para enviar o resto. Eram seis da tarde de sexta-feira e, até segunda, o correio não voltaria a abrir, pelo que dispúnhamos
de todo o fim-de-semana para pensar.
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