Eanes: Sociedade "deve fazer do futuro a questão do presente" Exame
Exame

Eanes: Sociedade "deve fazer do futuro a questão do presente"

Ramalho Eanes insta a sociedade a não se "ater ao presente" sob risco de nunca o compreender, lembrando que as respostas estão no futuro do desenvolvimento.

A política tem que regulamentar as plataformas digitais Exame
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A política tem que regulamentar as plataformas digitais

O escândalo Cambridge Analytica, relativo à utilização ilegal de dados pessoais recolhidos pelo Facebook para influenciar resultados eleitorais, é mais uma prova da necessidade urgente de regulamentar as plataformas digitais.

O xeque-mate de António Costa a José Sócrates
Política

PS avança com alteração dos estatutos e pode dificultar a vida aos críticos de Costa

A pouco mais de um mês do Congresso, a direção socialista apresentou uma proposta de revisão das normas internas que, para Daniel Adrião, o único adversário assumido do atual líder, torna mais complicado o aparecimento de moções alternativas. "É a sovietização do PS", critica. Hugo Pires, responsável pela iniciativa, garante o contrário: "Queremos que haja mais moções, mas tem de haver apoio a essas ideias políticas"

Aumentam os indícios de que a Coreia do Norte está a desenvolver armas biológicas
Mundo

Esqueçam o Super-homem, digam adeus ao Batman: o verdadeiro super-herói existe... e é norte-coreano

É um pássaro? É um avião? Não, é Kim Jong-un. Estes são os vários superpoderes do líder da Coreia do Norte

Horizontes

Tempos de destemperos

Trump, ainda por cima, vai certamente aliar-se aos britânicos e ajudar a transformar o Brexit num carrossel barulhento, desnorteado e desconjuntado

Trump, diz-me o que quero ouvir... mesmo que seja mentira
Opinião

Trump, diz-me o que quero ouvir... mesmo que seja mentira

Custa muito admiti-lo, mas Donald Trump foi o primeiro a perceber (e a usar a seu favor) a irrelevância em que caiu uma das maiores instituições da democracia americana: a imprensa livre

O atentado de Nice retratado em poderosos cartoons
Mundo

O atentado de Nice retratado em poderosos cartoons

Os melhores desenhos de mais um dia de terror em França

Política

Marcelo regressa à estrada

É o arranque das Presidências Abertas de Marcelo. Chamar-se-ão Portugal Próximo e começam no fim do mês, no interior alentejano

Professor Marcelo, o taxista
Cronofoto

Professor Marcelo, o taxista

O momento em que o candidato do PSD à Câmara de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa, é retratado ao volante de um táxi, em mangas de camisa, em Lisboa, é muito mais do que uma fotografia. É um documento

Costa diz que Passos tem "usado e abusado da imunidade política" que Cavaco lhe deu
Política

Costa diz que Passos tem "usado e abusado da imunidade política" que Cavaco lhe deu

António Costa disse ainda que aguarda as respostas de Passos Coelho sobre as dívidas à Segurança Social e que depois retirará daí as suas "ilações"

VISÃO Solidária

O cidadão europeu faz 20 anos

Foi com a entrada em vigor do Tratado de Maastricht que passou a haver livre circulação de pessoas nos países da EU

Palavra de Cidadão de João Semedo
VISÃO Solidária

Palavra de Cidadão de João Semedo

Cidadania é o poder e o direito de intervir, alerta o médico e coordenador dos bloquistas

Aguiar Branco na mira dos generais
Política

Aguiar Branco na mira dos generais

Os protestos já extravasaram as associações socioprofissionais dos militares. Generais e almirantes saíram do seu recato para arrasar o ministro da Defesa

Vem aí a Academia Cidadã
VISÃO Solidária

Vem aí a Academia Cidadã

O seu fim último é uma mudança social

O que inspira Gaspar
Economia

O que inspira Gaspar

Os economistas ouvidos pela VISÃO encontram dois grandes pilares na base da atuação do ministro das Finanças: as teorias liberais de Milton Friedman e os modelos economicistas que, dizem, estão desligados da realidade

Jornal de Letras
Jornal de letras

Duas Chinas: Forget Sorrow, por Belle Yang e Une Vie Chinoise de Li Kunwu/Two Chinas: Belle Yang's Forget Sorrow and Li Kunwu's Une Vie Chinoise

Duas visões distintas sobre a China, um país que temos de conhecer melhor. O  livro de Belle Yang foi tirado da lista das 1001 bandas desenhadas que se devem ler antes de morrer (editada por Paul Gravett). A autobiografia em três volumes de Li Kunwu (escrita a meias com o francês Philippe Ôtié) não. Two very distinct views of China, a country we all need to learn about. Belle Yang's book is part of Paul Gravett's "1001 Comics you should read before you die", Li Kunwu's three volume autobiography (co-written with frenchman Philippe Ôtié) is not. At the end an English version of this review is provided.

Jornal de Letras
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Vamos cuspir na sopa dos corruptos!

O empregado levou-o à mesa habitual. Aquela com vista panorâmica sobre a cidade e o rio. Ajeitou a gravata e sentou-se na cadeira, ignorando ostensivamente os jornais, onde ele era, mais uma vez, a manchete. Ser notícia nunca é bom quando se está no poder. E ser manchete é pior ainda. Olhou em volta enquanto colocava o guardanapo no colo e centrou-se no empregado. Hoje parecia-lhe particularmente suspeito. Desde há uns tempos a esta parte, todos os empregados de restaurante lhe pareciam suspeitos. Suprema ironia face ao que escancaravam os jornais, elegendo-o a ele como suspeito de um composto menu de fraudes de lesa pátria.  Mas neste, neste... havia algo no seu olhar que o inquietava sobremaneira. Recordava-se disto enquanto manuseava, sem grande vontade a ementa:  Como começou tudo isto? Começou com uma frase escrita na casa de banho de um dos mais conceituados restaurantes da cidade. "Vamos cuspir na sopa dos corruptos!"... Primeiro, não ligou. Mas a frequência com que ia encontrando reptos semelhantes começou a irritá-lo. "Vamos cuspir nas mousses de chocolate dos corruptos". E muitas outras, ora escritas a caneta na porta do cubículo, ora em post-its junto à retrete. Até que um dia reparou que já havia quem utilizasse um carimbo para espalhar a mensagem pelos WC da cidade. Egocêntrico por natureza e corrupto por profissão, logo assumiu que os reptos a si diziam respeito. A partir daí, não havia refeição em que ele não se confrontasse com tais ameaças. Problema agravado por ser ele gente de comida abastada, sendo certo que quem muito come, muito caga.  Procurou evitar as casa de banho, mas umas vezes sucumbia à  pura curiosidade e outras ao intestino grosso. Acabava sempre por lá ir. Ainda saltou a sopinha de alho francês, o rosbife e até o doce conventual, mas aquilo doía-lhe deveras! Em conversa com outros colegas de actividade e de governo, pois então, temeu que aquilo se transformasse num movimento. Havia até um ministro das Finanças que lhe dizia, lamurioso, que as ameaças de cuspidelas eram personalizadas. Temperadas ao detalhe.  -  "Vamos cuspir no arroz de pato dos corruptos?"... No arroz de pato? Como sabem aqueles cabrões do arroz de pato?! Aquilo é cabroagem que sabe o quanto eu me pelo por um arrozinho de pato no forno, à antiga! Havia pois que ripostar, à antiga!  - Vamos assar esses filhos da puta no forno! - grunhia o titular das Finanças. E foi o que ele procurou fazer. Convocou então uma conferência de imprensa, na qual ameaçou de prisão, por injúrias, danificação do espaço público e ameaças à integridade física do estômago, todos quantos escreviam estas sérias ameaças à comida, precisamente no local onde é suposto aos homens de bem ir aliviá-la, no conforto da privacidade.  Mas o tiro saiu-lhe pela culatra. Ou, se quisermos utilizar uma analogia muito a propósito, saiu-lhe a merda por onde devia entrar. A conferência mais não fez do que espalhar a mensagem. Publicidade gratuita. E aquilo que não passava de uma cuspidela ocasional, transformava-se, finalmente, num movimento nacional.  Certo dia, o ministro foi a Madrid, especialmente para comer uma paellazita. Aí estaria a salvo da saliva revolucionária. Qual quê?! Mesmo usando dinheiros públicos, deu por cara a viagem quando baixou as calças nos privados. Lá estava, agora em castelhano... "!Vamos escupir en la paella de los corruptos"... O que fora um movimento periférico era agora ibérico. E ele que tinha em agenda uma ronda de visitas pela Europa... Aquilo que começara nacional era já internacional. E a afronta já não constava apenas dos restaurantes de luxo. Comprovou-o num Mc Donalds, onde procurou, incógnito, comer um Big Mac, sem molhos, para não correr riscos desnecessários. A dada altura, quando foi fazer uma mijinha, lá viu, mesmo no topo do urinol, a frase: "Vamos cuspir nos Big Mac dos corruptos". A cuspidela ameaçadora havia chegado às multinacionais.   A cidade e o rio continuavam lá fora quando a sua mente regressou ao restaurante, mesmo a tempo de ouvir o empregado perguntar-lhe: - Boa tarde, já sabe o que vai querer, senhor ministro? Não lhe respondeu e dirigiu-se para a casa de banho, num passo tão acelerado que alguém menos atento diria que estava com medo de borrar as calças de fino corte. Mal abriu a porta, pôde ler, junto à latrina: "Os corruptos já comeram demasiado!"... Olhou para a frase e tentou acalmar-se. Fazer a digestão do problema. Seria uma questão de tempo. Toda esta merda seria uma questão de tempo. Até o estômago precisa de tempo para fazer merda! E isto não seria diferente! Puxou o autoclismo, ficou a olhar para a descarga de água purificadora e saiu do restaurante a correr.  Com a digestão do tempo, de facto, os corruptos voltaram a aparecer nos restaurantes, aqui e ali, onde os empregados os levavam aos lugares habituais, ainda que continuassem a parecer suspeitos. Normalmente sentavam-se na mesa com vista sobre a cidade e o rio. Mas quando apareciam em público ou na televisão a defender a sua honra ofendida pareciam todos muito mais magros.