Por um lado, fizeram o reconhecimento das zonas do país com pior desempenho nas avaliações internacionais sobre a leitura, a matemática e as ciências, durante o primeiro ciclo de escolaridade – provas conhecidas como TIMSS e PIRLS. Por outro, identificaram os locais onde o abandono escolar é mais forte e se sente mais a falta de uma perspetiva de futuro. Para dar resposta a estas duas grandes falhas nasceram então os programas pioneiros desta Iniciativa Educação.
Ao primeiro, chamaram A a Z – Ler Melhor, Saber Mais, e lançaram-no com a intenção de apoiar os alunos com mais dificuldade na sala de aula, logo nos primeiros dois anos de escolaridade. O segundo ganhou o nome de Ser Pro, aludindo ao suporte a um ensino mais profissionalizante, no Secundário, em articulação com as empresas e as necessidades locais.
Em conjunto com o Ed On, site que pretende reunir a mais recente e científica informação sobre ensino e educação – e o que de melhor se faz no mundo – eis que estão lançados os três pilares da Iniciativa Educação, a mais recente aposta da família Soares dos Santos para ajudar a melhorar a educação no país.
“Estamos numa casa que já reflete isso”, assinalou José Soares dos Santos, filho do antigo empresário, logo no início da sessão de apresentação dos programas, na Biblioteca Teresa e Alexandre Soares dos Santos, na Nova School of Business and Economics, em Carcavelos, numa piscadela de olho a esse trabalho de relocalização daquela faculdade, publicamente apoiada pelo antigo líder da Jerónimo Martins – antes de assinalar que as apostas primordiais da nova iniciativa chegaram a ser aprovadas pelo pai, no início de agosto, antes da sua morte.
“Mas o que vos estamos a apresentar não é uma intenção de futuro. É trabalho que está a ser feito no terreno”, sublinhou, por seu lado, Nuno Crato, catedrático do Instituto Superior de Economia e Gestão, em Lisboa, mais conhecido por ter sido ministro da Educação entre 2011 e 2015, na qualidade de presidente do conselho diretivo desta Iniciativa Educação
Como quem diz, tanto o A a Z – Ler Melhor, Saber Mais como o Ser Pro estão a funcionar desde o início deste ano letivo em várias escolas e regiões do país, serão avaliados regularmente (“para se ajustar o que for preciso”, salientou) e o que se espera, desde já, é que sejam aumentados e alargados a mais alunos, em outros lugares.
Razões para tal não faltam. “Segundo a Unesco, é cada vez maior a percentagem de jovens com dificuldades de leitura e também são cada vez mais aqueles que apresentam fraca fluência aritmética. Trata-se de níveis básicos que não são atingidos nem por metade da população mundial – e nem a Europa, nem Portugal em particular, têm uma situação tão feliz como gostaríamos”, segue Nuno Crato, traduzindo isto tudo em números. “São ainda 19% os jovens europeus com 15 anos que revelam dificuldades na leitura ao nível mais básico.Em Portugal, são 17,2 por cento. Mas o compromisso da UE para 2020 eram os 15 por cento”.
Nada que abale a sua confiança no futuro da Iniciativa. “Se estes programas vão ser alargados a mais escolas? Sabe que às vezes basta um rastilho…”