Sem surpresa, Xi Jinping foi entronizado imperador da China moderna. Uma década de caça ao concorrente nas estruturas locais e nacionais, limparam o caminho de um homem aceite no topo do partido, por sua vez no topo do Estado, por sua vez ainda no topo de toda a vida económica e social. O congresso foi claro na aclamação: o leninismo carismático está vivo. A coreografia política não se discute, tal como a intemporalidade do modelo e a perpetuação do líder. É pena. Há razões para o fazer.
A principal linha de disputa à magnanimidade do poder de Xi é mesmo a económica, vista habitualmente nas análises ocidentais como uma camada bruta, linear, determinista e inexoravelmente triunfal. Vale a pena escamar um pouco melhor o que está a acontecer. Desde 1990 que a economia chinesa não crescia abaixo da média asiática. Três décadas a crescer a 9% ao ano, para atingir 2,8% neste ano, não é um sinal particularmente positivo para quem tem assentado a linha política num modelo económico baseado em exportações e alto consumo energético. Ora, nem os equilíbrios com o dinamismo do mercado interno surtiram os efeitos desejados, nem a distribuição de riqueza tem acomodado a pressão crescente sobre a classe média. Para tal contribuíram, certamente, vários fatores globais, mas igualmente uma gestão nacional danosa. E, sobre isto, ninguém ousou fazer uma avaliação crítica, quanto mais pública. Ditadura é isto mesmo e nisso Xi é exemplar.