A provável nova líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua – que terá de avançar muito rapidamente – vai ter de mostrar o que realmente vale aos seus eleitores. E, acima de tudo, aos que já foram, e aos que poderão vir a ser. A tarefa é gigantesca, dura e muito difícil. Mas é disso que se fazem os líderes.
Mariana Mortágua notabilizou-se como deputada, nas comissões de Inquérito, e nas suas intervenções nos media. De uma jovem promessa, rapidamente ganhou, por mérito próprio, o estatuto de política com futuro, emblemática, e potencial coordenadora do BE. Chegou a sua hora, diz-se.
Substituirá uma líder carismática, empática e sempre bem-disposta, que levou o BE à glória, com 19 deputados, influenciou a governação, mas que sofreu uma derrota humilhante, em 2021. Catarina Martins percebeu que o seu ciclo estava esgotado – como aconteceu a outras lideranças partidárias – e decidiu sair. Não terá sido fácil, mas sairá aclamada e de cabeça erguida, pela simples razão de que fez história na esquerda bloquista.
Doutorada em Economia, com 37 anos, Mariana Mortágua tem de mostrar que está preparada para enfrentar o PS, que dizimou o eleitorado bloquista. Tem sempre uma expressão facial fechada e dura (o oposto de Catarina Martins), mas isso não chegará para ser uma líder forte e magnetizante. Induz, contudo, um instinto de ganhadora.