Assunto encerrado com os resultados das eleições angolanas. A maioria absoluta é do MPLA, certificou a Comissão Nacional Eleitoral, e o presidente João Lourenço já carimbou a decisão. Os angolanos voltaram a confiar na sua liderança, disse, não vai existir nenhuma geringonça, e o velho ciclo político será iniciado o mais rapidamente possível. Alguém acreditou, com sinceridade, que o MPLA perderia o Poder em eleições? Valha-nos Deus.
A UNITA está a esgotar a janela de oportunidade para construir um caso real, se existe, com provas factuais, de que o escrutínio foi viciado. Adalberto da Costa Júnior reclama a vitória, mas não mostra os dados. O líder da UNITA não pode correr o risco de se assemelhar a Donald Trump, e às idiotices do roubo eleitoral. Também recorreu a diversos tribunais, em diversos estados, e nunca conseguiu provar qualquer trafulhice.
Lourenço, à falta de coisas concretas, quer apressar a posse presidencial e formar o Governo. Percebeu o recado, mas estava garantido que o MPLA continuaria a ser o partido único do poder em Angola. Não vão ser mais 5 anos tranquilos. Mesmo com uma maioria absoluta tangencial, o presidente de Angola percebeu que o país mudou, que quer outra vida, que está farto. Mas com tudo isso pode ele bem.
O que o irrita, contudo, é ter um partido de oposição como alternativa, coisa que nunca existiu em 47 anos, e muito menos sem o apoio de Luanda. E mesmo não havendo provas de uma grande marosca eleitoral, que poderia inverter o resultado, a UNITA ganhou uma capacidade política invejável e pode fazer, todos os dias, o que a Assembleia Nacional não faz: escrutinar as decisões do presidente e do Governo, reclamar as promessas não cumpridas, e exigir a total separação de poderes em Angola.