Os militantes do Partido Conservador britânico já estão a escolher o novo primeiro-ministro. Mais de metade já votou, e as sondagens continuam a dar uma vantagem inequívoca, até agora, a Liz Truss, a atual ministra dos Negócios Estrangeiros. Rishi Sunak está, teoricamente, fora da corrida. Mas o dado mais perturbador da última sondagem revelada pela «Sky News», da «Opinium», é que Boris Johnson é o preferido por 63% dos «tories»!
Isto tem uma leitura muito pouco simpática para o velho e ineficaz modelo dos conservadores, para eleger ou derrubar um primeiro-ministro. Não é adequado, não coincide com a vontade dos militantes, e está longe do sentimento do eleitorado. Os membros do Parlamento do partido não deveriam poder derrubar um PM quando lhes apetecesse, e depois limitar a escolha a dois candidatos. Estes resultados explicam tudo. Boris ganharia sempre, em qualquer dos casos, e contra quem viesse.
Nesta sondagem, em urna fechada, só 22% dos inquiridos é que votou em Liz, contra os 63% de Boris, e Sunak recolheu apenas 19%. Ou seja, o Partido Conservador está a escolher o líder errado. Mas não tem alternativa. Se as eleições partidárias fossem abertas, este primeiro-ministro não sairia de Downing Street. E os milhões de eleitores britânicos que decidissem, chegado o momento.
Existe uma outra conclusão desta sondagem: Boris sai a 5 de Setembro, mas nada o impede de voltar ao melhor «trabalho do mundo». Só tem de convencer os seus colegas do Parlamento. Os que decidem tudo, e erradamente.
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