A China vai iniciar um conjunto de manobras militares, com munições reais, no Estreito de Taiwan, e em redor da ilha. Esta é a primeira resposta de Pequim, e estarão envolvidos todos os ramos das Forças Armadas chineses. Há quatro navios de guerra da Frota Naval norte-americana próximos da zona, e o grupo do porta-aviões Ronald Reagan está à distância de poder desencadear qualquer tipo de ação militar. Washington tenta conter a fúria de Xi Jinping, mas não terá nenhum sucesso nessa tarefa.
Para Pequim, presidente e militares, a paragem de Pelosi em Taipé tem de ter uma resposta equivalente às ameaças feitas. E a única saída de Xi, interna e externamente, terá de ser ao nível de não perder a face nesta crise grave. «Nunca perder a face» é o lema político dos chineses, e ponto de honra nacional. Xi vai responder, com força, mas qualquer descuido, ou erro de cálculo, de uma das três partes – China, Taiwan e EUA – pode redundar numa escalada militar difícil de controlar. A Rússia, a correr, está a puxar pelo orgulho e pelo gatilho chinês, para ver se tudo isto acaba mal.
É óbvio que Pelosi, a três meses das eleições, não precisava de ir Taiwan, mas Pequim também não deveria ter ameaçado, abertamente, o presidente Biden, e os Estados Unidos, ao ponto de nenhuma das capitais poder recuar, sem graves danos colaterais. É um jogo de força extraordinariamente perigoso e, de repente, poderá abrir-se uma porta para Xi ponderar se estará chegada a altura de resolver o problema de Taiwan.
O mundo não precisava, agora, de mais uma crise política e militar global, envolvendo os dois países mais poderosos do mundo. Não calha nada bem: Biden é um presidente fraco, Putin está a ver uma oportunidade de lançar tudo o que tem contra a Ucrânia, e Xi Jinping quer um terceiro mandato nas próximas semanas, e meter Taiwan no bolso. Dias arriscados. Muito.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.