O discurso sobre o estado da Nação, e da governação, do novo líder do PSD, Luís Montenegro, que lembrou que era do PPD, fez reaparecer o partido que estava descentrado, regionalizado e desinteressado. O PSD só foi grande, poderoso e alternativo quando mostrou a sua capacidade reformista, popular (PPD), liberal, e ao mesmo tempo conservadora. Tudo isso ficou percetível no discurso de encerramento do 40º Congresso.
Montenegro reuniu o partido, fez reaparecer a alternativa, e convocou os melhores da sua geração. Sem nenhum temor, nem inquietação. Ele sabe que a oposição a uma maioria absoluta é dificílima, mas percebe que em 2026 tem de estar no poder. O eleitorado que mudou de vida tem de voltar à casa do centro-direita, e as bandeiras reformistas foram agitadas: é preciso mudar o SNS, modernizando-o, reformar a Educação, apostar nos imigrantes, integrando-os, para ver se crescemos como país, acabar de vez com a regionalização, reduzir os impostos, e tomar medidas de emergência para combater a inflação, a subida dos juros, e das matérias-primas.
Para cada um destes objetivos, Montenegro esboçou soluções, e com isso fez nascer uma alternativa. A ideia de aproveitar a subida da receita dos impostos à custa da inflação, devolvendo-os à economia, é exemplar do que um Governo pode fazer para evitar mais uma catástrofe recessiva. Com os EUA a caminhar nessa direção, a Europa vai ser atingida, e Portugal está no barulho. Com uma taxa de inflação de quase 9%, não é a altura para este Governo se mexer? Aguardam, tranquilamente, pelos dois dígitos.
E dando a boas-vindas aos imigrantes, integrando-os na Nação, Montenegro arrasou qualquer discurso xenófobo. Deu, e bem, os exemplos de Espanha e Alemanha, que compensam a brutal quebra de natalidade, com a integração dos que vieram de outros continentes, não com vistos «Gold», mas em busca de tranquilidade, trabalho e qualidade de vida. Nós precisamos de mais portugueses, urgentemente. Diga-se, já agora, que esta política desafiadora ilustra o caráter social-democrata do verdadeiro PSD. Mas, por agora, Montenegro tem eleições a vencer, até 2026, para depois chegar a S. Bento.
Sobre Rui Rio: não vale a pena repetir os erros estratégicos que cometeu. Foi sempre coerente, direto e esclarecedor. Seria um grande líder, mas no PS. O importante, contudo, é que Rio cumpra o seu mandato de deputado até ao fim. Que não saia no final do ano, como disse. Rui Rio é muito bom deputado, excelente tribuno, e senhor de grande coragem. Montenegro tem a tarefa de o convencer.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.
