Em agosto de 2021, há seis meses, 180 dias, o presidente Joe Biden advertiu, energicamente, os talibãs do Afeganistão:
- «Responderemos rapidamente e decisivamente»
- «Estamos preparados para qualquer contingência»
- «A resposta será rápida (swift) e devastadora, se necessário»
- «Vamos caçar-vos e fazer-vos pagar»
Foi só o seu primeiro grande falhanço em política externa. Agora, com os russos, usa as mesmas palavras, as mesmas frases, a mesma convicção, e poderá ter o mesmo desfecho catastrófico.
Alguém se esqueceu, na Ucrânia, da fuga desastrada dos americanos de Cabul? E dos soldados mortos no perímetro do aeroporto? Kiev acha, ainda, que está protegida por Washington, mas o presidente ucraniano pergunta, irritado, por que razão não aplicam já as sanções? É necessário uma invasão e milhares de mortes?
Putin acredita nas ameaças de Biden? Também se lembra das imagens caóticas do aeroporto de Cabul? Porque será que esta fragilidade só se vê nas Presidências democratas? Putin faria o mesmo com os Bush, pai e filho? Ou com Reagan? O pior que pode acontecer a um presidente americano é não ser levado a sério. Não ter ninguém que acredite nele. Foi o trauma afegão que transformou Biden num maníaco?
Obsessivamente, ou em modo compulsivo, como se fosse uma litania, Biden voltou a repetir: a invasão é agora. Hoje, esta semana, a qualquer momento. Estranho, apesar de tudo. Putin falou com Macron, que contou a Biden e ao chanceler alemão, e até marcaram uma reunião a três, Rússia, Ucrânia e OSCE, nas próximas horas. E há um encontro programado, esta semana, entre Blinken e Lavrov. Não será o momento de Putin meter as tropas nos quartéis, e de Joe Biden deixar de nos assustar? Assim não dá.
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