Quase a ganhar, quase a invadir, e nada. Nem Rio ganha as eleições, nem Putin invade a Ucrânia. É agora, está iminente, e tudo na mesma. Isto não é uma previsão, muito menos uma sondagem, nem sequer uma aposta. É o que é. A invasão de Putin é a guerra do Solnado. As tropas russas estão a 320 quilómetros da fronteira – é como se nós estivéssemos preocupados com as tropas espanholas em Madrid – onde fazem exercícios de musculação, e os ucranianos são os primeiros a anunciar que não estão a prever nenhuma invasão. Putin seria o maior idiota do Universo, e do século, se avançasse nesta guerra mais do que anunciada e mediatizada. E a Casa Branca lá vai dando toda a força, e mostrando todo o medo, do czar russo.
Lá para meados de fevereiro, garantem os analistas de Washington, é que poderá dar algum jeito a Putin. Por agora, a agenda está complicada. Vai à cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno da China, e o imperador de Pequim ficaria furioso se a atenção fosse desviada. Não poderá ser. O calculista Putin, se quisesse invadir, engolir, e destruir a Ucrânia, já o teria feito. Atacava primeiro, e falava depois. Assim é que não. E convenhamos que um exército de mais de 100 mil homens (poucos para invadir), a percorrer 320 quilómetros, daria um bocadinho nas vistas. Certo é que Biden não dorme. Nem descansa.
Mas se Putin não avança, será que Rio consegue? Não invadir a Ucrânia, claro, mas ganhar as eleições, no domingo? Pois. Não parece. Já foi tempo. E oportunidade. Esteve com o cume à vista, mas perdeu a embalagem. É o que parece, hoje. É a cautela das sondagens. Hoje era assim. Rio, muito bom e sintético, em debates e entrevistas, esvazia-se em campanha. Só fala de Costa, e esquece-se do país. E Costa já não lhe dá troco. Isso desanima.
É inquestionável que Rui Rio tinha uma tarefa árdua, dificílima de concretizar: fazer com que os portugueses derrotassem o primeiro-ministro. Trocassem. Mudassem. Era só isto que estava em causa. E não é pouco. Quando o PSD se aproximou do PS, e até ultrapassou, reapareceram as intenções de voto no partido do Governo. Os eleitores, na realidade, vão mostrar a António Costa que é preciso olhar para eles, com humildade, e por isso querem dar-lhe uma segunda oportunidade. Segunda sim, porque 2015 não conta.
E se, afinal, Putin invadir, e Rio ganhar? Boa pergunta. Mas hoje, que se saiba, nenhum deles fez coisa nenhuma.
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