André Ventura: será sempre um dos grandes vencedores da noite eleitoral. Vai acontecer muito antes do que pensava, mas quem recusou o Orçamento sabia que reforçaria o Chega, e André Ventura. Num partido colocado neste espectro político, o líder está acima de tudo. É a alma e o corpo do movimento. Tal como disse João Soares, o Chega não tem nada de fascista. Ou coisa parecida. Nunca teve, não mostra esses tiques, e apenas corporiza o descontentamento de uma direita mais dura e pouco flexível, intransigente, às vezes, que sempre votou no PSD e no CDS. Estes, reconheça-se, são os seus progenitores, mas não assumidos. A sondagem das sondagens dá 5% a Ventura, que em 2019 obteve 1,3%, e um deputado. Está na luta pelo terceiro lugar, com um dígito, que tenderá a ser maior do que esta média. Ventura foi bem preparado e combativo para os debates, e tentou demonstrar, em alguns casos com eficácia, que muitas das suas propostas são iguais às do PSD, e de outros partidos do centro-direita. Quer estar no Governo, ou ter influência na governação, mas não será desta, tudo indica. O maior erro político que se cometeu contra André Ventura, e contra o Chega, foi tentar afastá-lo do arco político democrático, dando-lhe assim uma importância acrescida e uma visibilidade multiplicada. Suba o que subir, o Chega não é mais do que a expressão livre, e secreta, de milhares de eleitores portugueses. Que têm de ser respeitados.
João Cotrim Figueiredo: é o líder de uma Iniciativa Liberal que tem dias, fases da Lua, e a que aí vem vai colocá-lo no quadro de honra dos vencedores da noite de 30 de janeiro. É justo, e também expressa a mudança que os eleitores de direita querem fazer. Começou com a mesma percentagem do Chega, em 2019, 1,3%, e está igualmente colocado numa intenção de voto de 5%. Cotrim mostrou-se muito ativo nos debates, sempre pronto a ripostar, e com as ideias completamente alinhadas com o liberalismo. Nunca desiludiu. A IL é o verso, e o reverso, do CDS-PP. Mais PP do que CDS. Com 5% do eleitorado nacional, a confirmar-se, deixa de ser um nicho de mercado, para entrar nos pequenos-médios que prometem crescer. Uma «start-up» com potencial. Entre 2019 e 2021, a Iniciativa teve momentos pouco felizes, com toques e truques demasiado liberais, ou mesmo anárquicos, mas rapidamente, com a antecipação das legislativas, reganhou sentido. Quanto mais crescer a Iniciativa Liberal, agora e depois, pior será para o CDS, e para o PSD. É a teoria dos vazos comunicantes de Pascal, que se aplica, completamente, à política.