A Ómicron não chegou agora a Portugal, ou à Europa, ou ao mundo inteiro. Já por cá andava há algum tempo. Aparentemente, de acordo com os médicos sul-africanos, esta variante disfarça nos sintomas, entre indisposições ligeiras, extremo cansaço e alguma tosse, mas o que interessa, na verdade, é que o vírus conseguiu criar uma nova «chave» para entrar nas células, e isso pode obrigar a novas vacinas, mais doses, e um cuidado extremo com as faixas etárias mais elevadas e pré-condições.
A África do Sul deu o alerta, a semana passada, e a OMS foi muito rápida a manifestar a sua preocupação, mas parece indesmentível que a Ómicron, sem se perceber, teve tempo para se disseminar, espalhar e multiplicar em todos os lados. Agora está a ser detetada em dezenas de países, mas o milagre da reprodução não aconteceu de sexta para sábado, ou segunda. Só com o alerta é que se começou a identificar esta variante.
As interrogações, agora, são inúmeras, mas não há resposta, ainda, para nenhuma delas: as vacinas conseguem bloquear esta variante? Metade dos infetados sul-africanos não estavam vacinados, mas os outros tinham todas as doses. Sendo uma mutação de dezenas de mutações é mais rápida a propagar-se, do que a Delta? Se a “chave” Ómicron, num universo ainda pequeno, penetra em vacinados e não vacinados, isso poderá explicar, desde logo, o aumento exponencial de novos contagiados, no pressuposto de que já cá estava. Há quanto tempo?
Se já era difícil encontrar uma explicação segura para o brutal aumento de contágios, mais internamentos e mortes, em países, como Portugal, com taxas de vacinação completa em 90% da população, e a terceira dose já em 70%, então a Ómicron, somada à quebra natural da imunidade, e à sazonalidade, pode estar a criar a receita perfeita para um final de ano sobressaltado, e um início de 2022 muito complicado. O Governo que se prepare para a emergência. Isto está muito longe de terminar.
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