Não é para contrariar a coluna de José Brissos-Lino, aqui, que tem razão ao pedir para deixarem de empurrar o chefe militar para a política, mas do Infarmed saiu uma conclusão, não escrita nem falada, mas que é decisiva: não larguem o almirante Gouveia e Melo. É preciso dar a terceira dose, e a estrutura dele tem de se manter operacional. E depois, um dia, passar a ser um departamento permanente da Saúde.
A reunião do Infarmed, talvez pela primeira vez, e de uma forma mais compreensível e articulada, deu boas indicações sobre o modelo de atuação do Governo, para os próximos tempos. A pandemia não acabou, o vírus não desapareceu, e as cautelas coletivas e individuais deverão manter-se.
Num ponto, o mais importante nesta fase, existiu um consenso técnico e científico de que Portugal tem de estar preparado para administrar a terceira dose da vacina, de uma forma maciça, e não seletiva, tendo em conta os dados científicos da quebra de imunidade, com a passagem do tempo e a idade. Há muitos negacionistas neste domínio, internos e externos, por umas e outras razões, mas da reunião do Infarmed saiu, com clareza, essa indicação.
Os especialistas e cientistas também pediram, por evidente incapacidade estrutural e de pessoal, que a vacinação não fosse entregue aos centros de Saúde, e que a “task force” mantivesse o seu funcionamento, para poder fazer face a uma nova ronda, que deverá ser rapidamente decidida.
Também se confirmaram as boas notícias sobre os milhões de doses de vacinas contra a gripe, que começarão a ser administradas rapidamente, tendo em conta o Outono e o Inverno. Esta vacinação anual explica, aliás, sem margem para grandes dúvidas, a razão para uma dose de reforço no caso da Covid, e a necessidade de preparação do Governo, em termos de planeamento e custos, para ter de repetir, universalmente, a vacinação da população contra a Covid. O SARS-CoV-2 veio para ficar, e para o manter em fase residual, vai ser exigível um plano de vacinação anual.
As vacinas ainda não têm um ano de uso, em parte nenhuma do mundo, e por isso só o tempo, os testes e a avaliação da imunidade, ditarão a frequência, E, claro, o número de contagiados, internados e mortos. É absolutamente vital que não se perca o esforço notável de ter 80% da população vacinada, em nove meses, e deixar que a imunidade vá desaparecendo, com a passagem dos meses. É juntar mais uma vacina ao protocolo anual. Não larguem o Almirante, por agora.
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