O Presidente afegão fugiu. As tropas americanas estão desesperadamente a evacuar a embaixada, e a tentar retirar alguns afegãos que os ajudaram, o caos reina no aeroporto e base militar, os talibãs já estão em Cabul, a massacrar e cortar cabeças, como gostam, e Biden, convencido pelo Pentágono e pelo seu Conselho de Segurança Nacional de que as tropas afegãs resistiriam 90 dias – afinal foram só 9! – continua a dormitar, num cadeirão em Camp David, atirando as culpas para Trump, pela vergonhosa derrota dos EUA.
Cabul caiu. É o título de um filme de terror. E caiu sem nenhuma resistência. Cabul rendeu-se, as autoridades nacionais fugiram, o “fabuloso” e bem armado exército afegão desapareceu, deixou as armas, largou as fardas e passou a ser um bando de civis, e os talibãs, que em 20 anos nunca foram vencidos, ou esmagados, tomaram cidade a cidade, e a capital, sem a mínima oposição armada, e deixando um rasto de terror.
A vingança serve-se 20 anos depois. Os talibãs acabaram com o Estado afegão, ou coisa parecida, e derrotaram o Presidente Biden, e as tropas americanas. É vexatório. É deplorável. É humilhante. E é uma desonra. Se fosse justo, reto, verdadeiro, Biden deveria começar por culpar Obama, que fez tudo, ou não fez nada, para travar e apagar as zonas de domínio dos fundamentalistas. Mas pouco interessa, hoje, agora, o que fez Obama ou Trump. Quem está na Casa Branca é Biden, quem comanda as Forças Armadas americanas é ele, quem antecipou o calendário de saída foi a Casa Branca, e quem não conseguiu tomar uma decisão, ou dar uma ordem, foi a sua Administração.
Biden ficará para sempre ligado à queda de Cabul. Como Nixon ficou à de Saigão. Foi inapto, incapaz e incompetente. Os americanos não gostam de perder, ninguém pode gostar, e muito menos de deixar que um bando de extremistas faça regressar o Afeganistão à idade medieval, não respeitando nenhum ser humano, nem o seu próprio povo. O mundo volta a ter um santuário terrorista.
Há, ainda, um outro derrotado, e isso toca-nos: a NATO, que tinha o comando das operações. Que fique bem claro: a queda de Cabul é vexatória e uma indignidade para todos nós (as nossas tropas também lá estiveram), para a civilização, e acima de tudo para a Humanidade. Não é tolerável. Não se pode aceitar. Biden, e o seu Conselho de Segurança Nacional, tem de ser responsabilizado pelo martírio dos afegãos dignos, justos e tolerantes.
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