A assepsia dos Jogos Olímpicos de Tóquio, sem a vibração de milhares de espectadores, transformou este espetáculo fabuloso, que é sempre intenso e colorido, numa espécie de treino entre os melhores dos melhores, mas sem emoção nem adrenalina.
Os atletas precisam de público, de agitação nas bancadas, para se conseguirem ultrapassar e elevar em cada uma das competições. São uns Olímpicos esterilizados, distantes, até pelo fuso horário, e sem a volta gloriosa dos que vencem, ou reconhecimento agradecido aos que não chegaram ao pódio.
Ironicamente, estes Jogos até condizem com os japoneses. Luvas brancas, éticos e disciplinados, conservadores, distanciamento total, frieza secular, e profundo respeito por todos. Serão e ficarão, na História, como as Olimpíadas da Grande Pandemia, tristonhas, vazias, sem alma nem vigor.
Mundo estranho, este, em que os atletas de todas as nações do mundo estão presentes, mas num ambiente deprimente. Faz falta, imensa falta, o fulgor e a intensidade que caraterizam esta celebração.
Que pena, tudo isto. Tóquio 2020, que está a ser em 2021, e que por um triz não passou para 2022. Um vírus microscópico, que apareceu em Wuhan, uma cidade na China central, em 2019, virou o mundo do avesso e transformou a maior, a mais desejada e a mais esperada celebração atlética do mundo, numa gélida transmissão televisiva, ou digitalizada, sem a grandeza dos feitos desportivos, dos recordes inesquecíveis, e dos pódios e hinos escutados respeitosamente, por milhares de pessoas.
Estes Jogos não são Olímpicos. Porque não são dos deuses. Porque não impressionam. Porque não têm grandeza. Apenas olimpicamente indiferentes.