Basta ver as imagens de televisão e as reportagens de Lisboa e do Porto, e de outras cidades, e instantaneamente percebe-se, confirma-se, e verifica-se que não há nenhum confinamento geral no País. É uma mentira. O movimento nas ruas e nos centros comerciais mostram duas coisas: ontem foi igual a hoje, e infelizmente os únicos que não estão abertos são os restaurantes e lojas de comércio. Tudo o resto são exceções, com o país a funcionar tranquilamente.
É o primeiro sinal, inequívoco, de falhanço. Anunciar que se fecha o País e depois criar dezenas de exceções, a começar logo pelas escolas, teria sempre um resultado destes. Se é assim, se está tudo desconfinado, ou quase, e a funcionar, mais ou menos, então acabem com a discriminação dos restaurantes e comércio. São esses que estão a cumprir, e não queriam nem podiam. Não é justo. Não pode ser. O Governo que anule esse decreto, abra o País, e deixe as pessoas fazer o que entenderem. Assim não se diferencia negativamente. Não podem ser uns tantos a cumprir, e o resto, a maioria, a não confinar, ou a fingir. Consequências?
A primeira revela o que os portugueses pensam da decisão do Governo nesta matéria. Não cumprem, não querem saber, e não estão preocupados com as multas. Por outras palavras, mais cruas, ninguém quer saber do Governo. Muito menos respeitar as suas decisões e instruções. Era o que mais faltava. O Governo que se confine a si próprio. A menos que o primeiro-ministro (PM) queira confusões, pondo a polícia a levar as pessoas, às costas, para casa, o confinamento geral já morreu.
A outra consequência é mais dramática, mas também aí, pelos vistos, ninguém está preocupado. A Covid já não mete medo, se o SNS já rebentou é problema dele, se as equipas hospitalares já esgotaram e não existem reforços desenrasquem-se, e se há mais de 10 mil contagiados por dia e uma centena e meia de mortos, com internamentos esgotados, o Governo que se vire. É este o estado de espírito.
Quando se anuncia um “lockdown” é óbvio que não se pode deixar metade do País excecionado, com a manutenção em funcionamento de todo o sistema de educação. São milhões a circular diariamente, a todas as horas, e isso coloca às pessoas uma interrogação simples: por que é que vou fechar-me em casa, se anda tudo na rua?
E agora? Como é que se faz? Nada. Deixem andar. Isto, o tal de confinamento, também acaba daqui a 29 dias, por isso nenhum problema. A pandemia já chateia. O que vier, em fevereiro e março, e por aí adiante, que venha. Confinar? Não sei o que isso é. Assunto arrumado.