O primeiro-ministro da República Checa, um país idêntico ao nosso, em tamanho e população, fez ontem o que, eventualmente, vai acontecer com o nosso chefe de Governo: pediu desculpa aos checos, por cinco vezes, pelos erros que o seu Governo cometeu nos últimos tempos, passando, de repente, de um sucesso na pandemia, com abertura total a partir de maio, para um dos piores casos europeus, neste outono tenebroso.
Depois de reconhecer os erros, o primeiro-ministro checo anunciou medidas de confinamento muito duras, para as quais também pediu perdão. “Lamento as novas restrições que afetarão a vida de empresários, cidadãos, funcionários. Também lamento ter descartado a possibilidade de isto acontecer, porque não imaginava.” Este lamento, este pedido de perdão, tem toda a probabilidade de ser repetido em Portugal, por António Costa.
Também é preciso dizer que o Chefe do Governo da República Checa, Andrej Babis, recusava-se, há semanas, e já com números catastróficos, a reconfinar o país, para proteger a economia. Onde é que já ouvimos isto, vezes sem conta?
E para completar, já agora, convém lembrar que os checos foram um exemplo para a Europa e para o mundo, na primeira fase da pandemia, com um confinamento imediato, muito antes de outros países, e o uso obrigatório de máscaras. Foi um inegável triunfo. Agora, infelizmente, vem o ajuste de contas entre o vírus e a população.
E nós, aqui, estamos à espera de quê? Batemos dois recordes nefastos, em contagiados e internados, que se vão traduzir em mortes, e continuamos a tomar pequenas medidas cirúrgicas, sem real impacto na contenção da Covid-19. O País, ou grande parte, tem de voltar ao confinamento obrigatório. Por 15 dias, por um mês, pelo tempo que se entender necessário. Não se percebe, aliás, por que razão o Governo ainda não decidiu, aconselhou, ou impôs, de novo, o teletrabalho. Precisa do estado de emergência?
Estamos numa verdadeira emergência nacional, que tem tudo para piorar, por falta de medidas duras e rápidas, e vamos fazendo de conta que não é nada connosco. Por favor olhem para a República Checa. Queremos chegar aos 12 ou 15 mil contagiados por dia? Assim não podemos continuar.