- O primeiro ministro disse que o Governo não vai usar os empréstimos da União Europeia, do plano que nunca mais começa, mas apenas as subvenções a fundo perdido. A lógica é imbatível. Não faz sentido aumentar a dívida quando se pode recorrer a fundos perdidos. São mais curtos, e escassos, mas é o sítio certo para se começar. A questão é só uma: chegam? É possível ter a certeza disso agora? É um excelente princípio, mas ainda temos muito para penar. A única irritação, neste momento, é saber quando é que os fundos estarão disponíveis. A UE é um estado dentro dos Estados, com uma burocracia multiplicada por 27, que vive habitualmente fora da realidade, e com «governantes» não eleitos, que não respondem a nenhum eleitorado.
- Rui Rio, na RTP, mas em declarações gravadas antes do aviso do Presidente sobre o Orçamento de 2021, mostrou que atribui um grande valor, como deve ser, à necessidade de diálogo permanente, aberto, sincero e sem truques, entre o líder da oposição – sempre potencial PM – e o chefe do Governo. Isto é um sinal muito bom. De elevação e grandeza. «Mal vai o país se o líder da oposição e o primeiro-ministro pura e simplesmente degradaram a relação e não há diálogo possível. É muito mau para o país e isso, quem tiver sentido de Estado, procura evitar». Palavras sábias. Nas grandes crises das Nações, sejam elas o que forem, não é nada inédito existir uma aproximação entre os dois maiores partidos. Isso é sentido de Estado, ou razão de Estado. Rio não surpreende porque é assim. Mas está objetivamente atento ao que se está a passar no Orçamento, e já em resposta ao desafio do PR, não deixou de recordar a entrevista do primeiro-ministro ao Expresso, em que garantia que o seu Governo deixaria de fazer sentido, no dia em que precisasse do PSD para aprovar o OE. António Costa já apelou à sanidade política de todos, particularmente da esquerda, com quem está a negociar. Claro que vai haver entendimento. Claro que ninguém quer uma crise. Claro que nesta fase é que se puxa a corda. Orçamento para 2021 vamos ter. Para 2022, nem vale a pena pensar, porque é uma eternidade.
Dois bons sinais
Não faz sentido aumentar a dívida quando se pode recorrer a fundos perdidos. São mais curtos, e escassos, mas é o sítio certo para se começar. A questão é só uma: chegam?
Mais na Visão
Parceria TIN/Público
A Trust in News e o Público estabeleceram uma parceria para partilha de conteúdos informativos nos respetivos sites