O Presidente da República mostra alguma irritação neste final de Agosto, e percebe-se muito bem. O primeiro-ministro ameaça com uma crise política, os números da Covid 19, aqui e lá fora, são um sinal vermelho, agora que se aproxima o Outono, e até a DGS, a cinco dias da Festa do Avante, ainda não publicitou e foi clara sobre as regras a seguir e as medidas cautelares. Em não fosse o PCP a definir a maior parte delas, e a Festa começava e acabava sem a Direção Geral abrir a boca. Era o ideal. Mas não pode ser assim.
A DGS tem de assumir a responsabilidade dos procedimentos a seguir, nos mesmos termos em que outros tipos de iniciativas decorreram, e pedir a PCP que as faça cumprir na Festa que assinala a reentrada política do partido. Mais: é um imperativo da autoridade sanitária divulgar, publicitar, dar a conhecer, intensamente, as regras para todos os espaços que acontecem nos três dias de Festa. A maior parte já conhecemos, como as máscaras, distancia social e uso repetido do gel desinfetante. Mas haverá, obviamente, procedimentos específicos, que todos deverão conhecer. Isto não pode ser uma birra da DGS contra o PCP. Tempo não faltou para ponderarem tudo. É preciso que o Presidente peça o favor de divulgarem?
Esta inquietação de Marcelo tem tudo a ver com o momento por que estamos a passar. Ou a reviver. O número de casos está a aumentar, como em todos os países, não há controlo possível, até às vacinas e medicamentos, e ninguém se esquece do que passámos, e estamos a passar. O estado de contingência para o país regressa a 15 de Setembro, e isso é um sinal claro de preocupação do Governo e técnicos. Se voltarmos à loucura de Março a Maio, então estamos numa séria emergência nacional, a todos os níveis.
Por fim, o PR está desconcertado com o esticão da corda que o PM fez aos antigos parceiros da geringonça. Não foi só um esticão, que pode partir a corda, como foi um ultimato a todos: ou temos um entendimento mais global, que inclui já o OE 2021, ou há crise política. Percebe-se a irritação do PR: não quer mais uma crise, não pode dissolver o Parlamento a partir da meia noite do dia 8 de Setembro, e se o PM se demitisse, teríamos um Governo de gestão nos meses mais críticos das nossas vidas. É impensável. Não pode acontecer. O país nunca perdoaria ao PS, e também aos ex-parceiros. O que o PM esticou não foi uma corda, mas uma linha de costura muito fina. Que rompe facilmente.