O primeiro-ministro (PM), no estado da Nação, que devia ter terminado com a expressão, “está pior do que péssimo”, pediu, apelou, insistiu no regresso da geringonça. Para ter estabilidade para o que aí vem. E, porque, frisou, foi essa a vontade dos portugueses nas eleições. Pois foi. Confirma-se. Só não se percebe como não conseguiu refazer essa “construção pouco sólida, que se escangalha facilmente”. Quando Vasco Pulido Valente a notabilizou, o significado aplicava-se integralmente. E foi por isso que ficou. Ninguém, no seu perfeito juízo, acreditava que a construção política se aguentasse.
Mas aguentou, durou, e só se escangalhou com os resultados do PS nas eleições, e a pouca vontade do PCP. Pouca ou nenhuma. Sendo como foi, a bugiganga, a engenhoca, a «coisa», morreu. É possível refazer, reconstruir, remontar? Muito difícil. Nunca igual. Uma geringonça não tem plano de engenharia, materiais específicos, linha de montagem. Faz-se. Não se sabe como, nem quando. Quase que nasce de conceção imaculada. Salvo seja.
E esse é o problema do PM, do Bloco, e do PCP. Como refazer a “coisa”? E se há um parceiro da engenhoca que está reticente, que tal pensarem noutra coisa? É uma imitação da dita, mas é uma caranguejola. Uma carripana. Um chaço. Talvez um calhambeque, que tem mais estilo. Sim é mais sólido, ou sólida, mas ninguém garante que não se parta. É o que é. E não tendo uma, a primeira, mais vale investir na segunda. Entre nada e um chaço, sempre é uma “coisa”.
É evidente, inegável, indiscutível, que um Governo minoritário, nesta crise, não dá, não chega, não consegue. Não pode passar a vida a pedir favores. A perder o tempo que não tem. A não decidir o que é urgente. Se assim é, façam a caranguejola. Que também é uma geringonça. Mais vale ter a “coisa” a funcionar, do que nada.