Cada um, à sua medida, prevê para Portugal uma queda do PIB que vai de 7 por cento para o Governo, 9,8 para a UE, ou a OCDE com 11,3, e 12 por cento para Costa e Silva. Tanto PIB merece, desde logo uma comparação. Concreta. Com coisas que conhecemos. É um pouco vergonhoso, na verdade, mas as coisas são o que são.
O PIB nacional, em 2019, é uma miséria de 212 mil milhões de euros. É a riqueza gerada num ano. E estava tudo a correr tão bem. Parece muito? Parece bem? Parece aceitável? Deus nos acuda. Sabendo este número, que obviamente vai cair agora, em 2020, 2021 e mais alguns anos, percebemos imediatamente que essas previsões, todas, devem estar abaixo do que estamos a perder, a gastar, e a não ganhar. E só nestes quatro meses de pandemia e cataclismo económico.
É um problema de pequenez. Podíamos ser 10 milhões de habitantes num país muito rico, carregado de matérias-primas, dominante no turismo, um centro financeiro mundial, exportador de serviços e bens de última geração, e mais uns pós. Mas nada. Primas não temos, o turismo esfumou-se, finanças não existem, e exportações desapareceram.
Em qualquer dos casos, e assim à primeira vista, de repente, 212 mil milhões são muitos milhões. Muitos mesmo. Será? Sabem quanto vale a dona da Zara? 72 mil milhões de Euros. Três Zaras (Inditex) valem o PIB de Portugal. É desanimador? Bom, se quiserem comparar com a Berkshire, de Buffett, então os zeros não cabem aqui. Nem se consegue perceber muito bem se devemos usar a métrica portuguesa ou a inglesa. Estamos a falar de 444 Biliões de dólares (10 elevado a 12) Isto é para matemáticos puros. Biliões de dólares! É humilhante, diga-se. Para nós, claro.
E o pior, mesmo, é que a Inditex, ou a Berkshire, não têm 10 milhões de empregados. Geram mais riqueza que dezenas de países. Acumulados. Então, assim sendo, vamos lá relativizar a queda do PIB para este ano. Que sejam 15 ou 20 por cento. É tão pouco, tão ridículo, tão frustrante. É, pois, mas vai custar-nos muito. Não sei se é possível, mas o Governo já deveria ter decretado o estado de emergência económica e financeira. Para os próximos dois anos. Para ver se alguém sobrevive.