- Não parecendo, por serem contraditórios, os dados diários da pandemia, com a primeira fase da abertura do País, começam a dar sinais preocupantes. Sexta-feira (ontem), por exemplo, tivemos a excelente notícia de apenas um dígito no número de mortes, mas, ao mesmo tempo, foi também o segundo dia em que foi registado um grande número de contagiados. Isto não é bom. De todo. A letalidade está acima dos 4% – sendo de dois dígitos em grupos etários mais elevados – e com mais contágios, nos últimos dias, a transmissibilidade (R0) também subiu. E subindo, estamos a ir contra tudo o que os especialistas recomendam. O Governo ainda tem uma semana para perceber se mexe, ou não, na segunda fase, mas começamos, aparentemente, a entrar numa zona de elevada incerteza. Que se poderá agravar, bem entendido, a partir do dia 18, e multiplicar a 1 de Junho, em especial com o fim do teletrabalho, pelo menos no Estado. Isso sim, é uma linha vermelha.
- O stress para o SNS, com este aumento abrupto de contagiados, nos últimos dias, só vai sentir-se mais tarde. Infelizmente. Colocando as coisas em termos simples, que nunca são, e aplicando a taxa de letalidade atual, calculada e atualizada pelas autoridades de saúde, isto traduz-se numa probabilidade de 4% do universo dos 553 contagiados de ontem virem a morrer. E isto são contas simplificadas, porque essas taxas poderão ser diferentes, mais elevadas, tendo em conta a idade, condições de saúde prévias, capacidade do SNS, e outras variáveis. Repito: isto não é bom. Podem ser dados ainda sem grande consistência e persistência temporal, mas veremos. Mantendo-se a transmissibilidade e a letalidade nestes valores, as autoridades de saúde têm de avisar vigorosamente o PR, Governo e AR, sobre o que devem fazer.
- Muito bem esteve o Presidente, quando recebeu o telefonema do seu homólogo chinês, pedindo-lhe para mandarem imediatamente, se não se importassem, os ventiladores que já foram pagos. Isso tem qualquer coisa de premonitório. Rapidamente poderemos voltar a estar à beira do limite, ou acima, no Serviço Nacional de Saúde. E o limite, inaceitável, é quando se fazem escolhas entre quem vai ser ventilado. O final de Maio, Junho, Julho e Agosto podem ser dramáticos. Não vale a pena fingir.
Sinais da abertura muito preocupantes
A letalidade está acima dos 4% - sendo de dois dígitos em grupos etários mais elevados – e com mais contágios, nos últimos dias, a transmissibilidade (R0) também subiu
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