Atordoados pelos acontecimentos na Ucrânia e agora recentemente em Taiwan, esquecemos a existência de outros dramas humanos aqui à porta da Europa, que, por não implicarem eventualmente risco, seja ele nuclear ou outro, acabamos por, ou desconhecer ou minimizar.
O que se passa na Bielorrússia no que aos refugiados diz respeito, tem que ser denunciado e sobretudo merecer por parte da comunidade internacional, um claro repúdio que pressione as entidades envolvidas a inverter o tratamento desumano que está a ser dado a estas pessoas.
Uma nota prévia em relação às fontes nas quais baseio este (e todos os demais, cada um com origem diferente) artigo. Para além dos relatos em primeira mão que me chegam, sobretudo de jornalistas no terreno, os números e os acontecimentos são corroborados pela CARITAS e pelos MÉDICOS SEM FRONTEIRAS a atuarem naquele país.
Não se trata, pois, duma efabulação, mas da triste, dramática e desumana realidade.
Em 2021, alguns jornais noticiaram a expulsão de 500 refugiados dos cerca de 17 mil que se encontravam na Bielorrússia.
Essa atitude levou à construção dum muro de arame farpado na fronteira entre a Polónia e aquele país e teve como consequência a morte por hipotermia de várias pessoas nas florestas circundantes.
Foi notícia de dois três dias e depois abafada com acontecimentos mais trágicos.
Acresce a esta mobilização de refugiados como carne para canhão numa guerra que não é a sua, esta coisa completamente desumana e impensável: à grande maioria destes refugiados estão a ser decepadas as falanges dos dedos para que não possam ser identificados pelas impressões digitais
Mas a situação não ficou completamente explicada e sobretudo tem vindo a conhecer uma escalada de horror que é urgente denunciar e tomar posição.
O governo do sr. Lukashenko concedeu estatuto de refugiado a quase 17 mil pessoas.
Em março de 2021, sem qualquer razão a não ser a força da sua lei, retirou este estatuto à quase totalidade destas pessoas, não obstante terem consigo documentos válidos do estatuto adquirido.
Corrijam-me os doutos juristas, mas, uma vez concedido o estatuto de refugio e proteção à luz do Direito Internacional, o mesmo só poderá ser retirado caso se verifique uma infração grave por parte do detentor do direito, certo?
Pois bem, no país de Lukashenko, a coisa é muito simples: dum dia para o outro, têm ordem de expulsão e agora, em bom português, “amanhem-se”.
Como se tal não fosse suficiente e, com o início da guerra, começou uma verdadeira caça aos refugiados, quase casa a casa, por forma a incorporarem à força no exército, os homens e jovens enquanto deportam a restante família. Volto a repetir: tratam-se de relatos de organizações fidedignas!
Acresce a esta mobilização de refugiados como carne para canhão numa guerra que não é a sua, esta coisa completamente desumana e impensável: à grande maioria destes refugiados estão a ser decepadas as falanges dos dedos para que não possam ser identificados pelas impressões digitais.
Esta é uma das muitas realidades que os refugiados enfrentam um pouco por todo o mundo.
Naturalmente que a situação é conhecida pela agência da ONU que trata deste tema. Mas temos visto que esta organização, não por falta de vontade, mas por questões de estrutura interna e política, tem visto o seu trabalho no terreno, muito limitado.
Numa época em que a comunicação social e as redes são poder, em que a opinião pública pode fazer a diferença, para o bem ou para o mal, esta é uma situação que tem que ser denunciada e partilhada pelo maior número de pessoas.
Advogados e cidadãos anónimos bielorrussos que tentam (em todo o lado há gente boa e gente má) socorrer, esconder ajudar estas pessoas são ameaçados de prisão por traição.
Vivemos tempos negros e não apenas nos cenários de guerras abertas!
Que cada um faça a sua parte!
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.