Os brasileiros vão ter de esperar quatro semanas para saber qual vai ser o seu próximo Presidente e, acima de tudo, que rumo vai seguir o país, tanto a nível interno como externo. Já os norte-americanos vão ter de aguardar cinco semanas para apurar se o resto da presidência de Joe Biden vai ser feito com um poder reforçado ou em agonia, devido à perda da maioria no Senado e no Congresso. Menos demorada será a espera na China, onde dentro de apenas três semanas ficaremos a saber, com mais informação e menos especulação, por quanto mais tempo irá Xi Jinping prolongar a sua liderança no país mais populoso do mundo, e que tipo de ordem vai querer implantar dentro e fora de fronteiras. Nas próximas semanas, vamos também perceber como será constituído o novo governo em Itália. E, obviamente, iremos avaliar, dia a dia ou até mesmo hora a hora, como a Europa vai enfrentar a crise energética e inflacionista, num mês de outubro que, historicamente, tem uma conotação negativa nos mercados, desde a Quinta-Feira Negra de 24 de outubro de 1929, quando começou a Grande Depressão. Tudo isto, claro, sobre um pano de fundo que o mundo pensava não ser imaginável há décadas: a possibilidade de uma guerra nuclear, a partir do momento em que Vladimir Putin decidiu anexar, unilateralmente, quatro regiões ucranianas e, para cúmulo, anunciou que iria proteger os seus novos territórios “com todas as forças e meios à disposição”. Por aquilo que aprendemos desde 24 de fevereiro, data do início da invasão russa da Ucrânia, esta ameaça tem de ser levada a sério… mesmo que não passe de mais um bluff, por parte de um homem que, como já demonstrou, tem por hábito dar um passo em frente sempre que se sente encurralado.
O que tudo isto revela é que o mundo está a entrar num momento que, com toda a probabilidade, pode marcar um antes e um depois na História da Humanidade. A sucessão de acontecimentos faz com que quase não exista espaço livre nos calendários: a 16 de outubro, inicia-se o decisivo congresso do Partido Comunista Chinês… que ninguém consegue determinar quando terminará; a 30 de outubro, saberemos, finalmente, se a quarta maior democracia do mundo, o Brasil, vai voltar aos comandos de Lula ou se continuará sob o desvario de Bolsonaro; a 8 de novembro, conheceremos o resultado das eleições intercalares dos EUA… e poderemos adivinhar como será o resto da presidência de Joe Biden. Pelo meio, ainda haverá mais umas eleições potencialmente explosivas em Israel e muitos outros fatores de instabilidade por esse mundo fora.
Sabemos, portanto, que vamos atravessar tempos conturbados. E, por causa disso, podemos ceder ao pior dos pessimismos. A verdade é que estes tempos podem também ser definitivamente clarificadores sobre o futuro que nos espera. Podem ser os tempos em que, de forma suave ou dramática, vamos desfazer algumas das dúvidas que agora nos assaltam. E, com isso, prepararmo-nos para a nova realidade.
Vamos ter, em breve, duas oportunidades para o comprovar. A primeira, entre 6 e 18 de novembro, quando os líderes mundiais se reunirem no Egito, para mais uma Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP27). A segunda, e mais esclarecedora, será a reunião do G20, na Indonésia, provisoriamente agendada para 15 e 16 de novembro, e onde, em tempos normais, deveriam comparecer os líderes dos EUA, Rússia, China, Brasil e das outras 16 maiores economias do planeta. Nesse momento, pela postura – ou ausência dela… – de cada um deles, na fotografia oficial da cimeira, poderemos antever o mundo que aí vem. Só faltam seis semanas e meia para o sabermos…